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Blog do Vavá da Luz

CLUBE DA HISTÓRIA EM : O jardim do avô e da avó

CLUBE DA HISTÓRIA EM : O jardim do avô e da avó

A Lucy adorava visitar o avô e a avó.
Viviam numa casinha no campo, rodeada de um grande e bonito jardim.
O avô e a avó adoravam estar juntos no seu jardim e estavam sempre lá, ocupados
a cavar, a tirar ervas daninhas, a podar e a plantar.


Também gostavam muito das visitas da neta, a Lucy, porque era uma menina muito
interessada e trabalhadora.
A avó gostava de tratar dos canteiros, enquanto o avô adorava tratar dos legumes.
A avó tinha flores de todos os tipos: margaridas, girassóis e miosótis.
Mas as suas flores favoritas eram as rosas.
Adorava as suas cores, as suas pétalas delicadas e o seu perfume maravilhoso.
O avô cultivava legumes de todos os tipos em fiadas muito direitas.
Tinha cenouras, couves, beterrabas, ervilhas e favas.
Ficavam no jardim o dia todo, do nascer ao pôr-do-sol, parando apenas para tomar
uma chávena de chá e comer uma fatia do bolo de frutas delicioso que a avó fazia.
O avô elogiava as flores da avó e esta admirava os legumes do avô.
Viviam felizes juntos, e ficavam ainda mais contentes quando a Lucy os vinha
ajudar. Ensinavam-na a semear, a tomar conta de rebentos novos, a podar, a tirar ervas
daninhas, e a colher os legumes e flores frescas.
No entanto, estes dias felizes não duraram para sempre.
Infelizmente, a avó ficou doente. Estava tão debilitada que nem sequer podia sair
da cama e ir até ao seu adorado jardim.
O avô colocou a cama deles junto da janela, para que ela pudesse ver as suas flores
maravilhosas. Também lhe cortava um raminho todos os dias e colocava-o numa jarra
junto dela, para que pudesse cheirar o seu perfume.
E foi nessa cama que, numa manhã tranquila, a
avó olhou pela última vez o seu jardim adorado.
Sorriu, fechou os olhos e morreu nos braços do avô.
A Lucy não pôde ir logo ver o avô. A mãe disse
que era melhor esperar um pouco.
Quando finalmente o foi ver, ficou muito triste
por o ver na varanda, sentado na cadeira de baloiço.
O jardim também parecia triste, com ervas daninhas a crescer por entre as flores, e
os legumes tinham, entretanto, secado e mirrado.
O avô disse à Lucy que se sentia triste quando ia ao jardim e que tinha muitas
saudades da avó.
A Lucy ficou a olhar para o jardim abandonado.
— Avô, o jardim não te recorda os tempos felizes que passaste com a avó?
O avô continuava triste. Lucy pegou na mão dele com gentileza.
— As rosas não te fazem lembrar as faces rosadas da avó? — sussurrou.
O avô sorriu ligeiramente.
— E os miosótis não te lembram os seus olhos azuis?
O avô sorriu mais.
— E os girassóis fazem-me lembrar o sorriso da avó. Parece que a estou a ver —
sorriu a Lucy abertamente.
O avô tinha agora lágrimas de felicidade nos olhos e abraçou a neta.
— Tens razão! Também consigo vê-la. Vem daí! Temos coisas a fazer!
A Lucy passou todo o seu tempo livre dos anos seguintes a tomar conta do jardim
com o avô.
Num fim de tarde tranquilo, enquanto tomavam uma chávena de cacau na varanda,
cansados mas felizes com o trabalho que tinham feito, a Lucy disse:
— O jardim também me fará lembrar de ti.
O avô sorriu, apertou a mão da neta e fechou os olhos, com a certeza de que o jardim
deles estaria sempre em boas mãos.
Neil Griffiths
Grandma and Grandpa’s garden
Wiltshire, Red Robin books, 2007
(Tradução e adaptação)