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Blog do Vavá da Luz

CLUBE DA HISTORIA EM : ISSO NÃO É PROBLEMA MEU!

 

ISSO NÃO É PROBLEMA MEU!
— Podes desligar, Charlie!
— Já desliguei!
— Quanto tempo achas que vão ficar sem água?
— Vou trabalhar nas canalizações o dia todo.
— Avisaste o pessoal?
— Isso não é da responsabilidade do meu departamento. Quem faz isso é a secretaria da
administração.
— Não te cheira a queimado?
— Cheira. Deve haver um incêndio por aí.
— Não te preocupes. Alguém há de dar o alarme.
— Jane, não te parece que cheira a incêndio?
— Cheira. E depois?— É melhor tratar dele antes que fique descontrolado.
— Então, extingue-o!
— Eu? Não é comigo. O meu trabalho é varrer.
— E o meu é despachar este carregamento.
Incêndio nas instalações.
Água desligada.
Veja as soluções na folha impressa.
— Mrs. Lopez, Mrs. Lopez!
— Entre, por favor!
— A senhora tem um problema!
— Qual?
— A água foi desligada e há um incêndio nas instalações. Estou preocupado.
— O incêndio é grande?
— Ainda é pequeno, mas pode vir a aumentar.
— E que quer que faça? Isso não é da responsabilidade do meu departamento.
— Penso que tenho aqui mesmo a solução.
— De onde veio esta folha?
— O meu computador imprimiu-a.
— A solução parece simples. Porque não chama os bombeiros?
— Não estou autorizado a fazer chamadas para o exterior. Essa competência é sua. A senhora
é que é a gerente.
— Não tenho feito mais nada senão apagar fogos esta semana. Onde é o sinistro?
— Na parte leste do edifício.
— É na secção de produção. Eles que tratem dele.
— Penso que deve dar uma vista de olhos à folha, Mrs. Lopez.
— Vou telefonar ao Howard. É ele o gerente da produção.
— Estou?
— Howard, é a Carmen. Tens um problema. Penso que devemos reunir-nos e discuti-lo.
— Estou ocupado agora. Porque não almoçamos um dia destes e falamos disso?
— Acho que devemos fazê-lo agora. Podes vir ao meu gabinete, por favor?
— Já vou.
— Carmen, só disponho de uns minutos. Que se passa?
— Há um incêndio na tua parte do edifício. Desligaram a água, mas não te preocupes, pois
penso ter a solução para o problema.
— Vi que havia um incêndio ao vir para aqui, mas é de pequenas dimensões. Acho que vai
acabar por se extinguir sozinho.
— Howard, o incêndio é na tua secção. Não estás a atuar de forma responsável.
— Carmen, não creio que estejas em posição de me julgar. Tu fazes o teu trabalho e eu faço o
meu!
Entretanto, o fogo não para de alastrar.
“Esta ideia da Carmen é um pouco simplista, mas vou discuti-la com o Todd”, pensa Howard.
— Todd!
— Sim, Howard?
— Já que és o diretor de planeamento, talvez me possas ajudar.
— Em quê?
— Há um incêndio nas instalações e a água foi desligada. Não me parece que o problema seja
sério, mas achas que estas instruções podem ajudar?
Todd lê as instruções e pergunta:
— Isto é alguma piada?
— Não.
— Howard, a solução é bem mais complicada. Porque não tomas conta da produção e deixas o
planeamento comigo?
— Todd, não estás a fazer o que te compete. Se tivesses planeado melhor as coisas, talvez este
problema não estivesse a ocorrer.
— Então, a culpa é minha…
— Se calhar, até é.
— Esta reunião destina-se a optar pelo corte da água. Está alguém a controlar o incêndio?
Ouvi dizer que está cada vez maior — diz o presidente da companhia.
— Senhor Presidente, tenho aqui uma solução para o problema.
— Mostre lá, Todd.
— Isto não é da competência da administração. É da sua, Todd.
— Da minha?
— Este incêndio está fora de controlo. Temos de fazer alguma coisa.
— Lá se vão as instruções…
— Então ninguém faz nada para apagar o incêndio?
— Quem deixou entrar estas pessoas? Não veem que estamos numa reunião?
— Esqueçam a reunião. Queremos ação!
— Em vez de nos culparem, deviam ter tomado conta da situação enquanto era controlável.
— Essa responsabilidade é sua!
— É sua!
— Eu bem disse que ele estava a alastrar…
— Onde estava o senhor quando…?
— Onde estava a senhora quando…?
— O que significa “assumir a responsabilidade”?
— Acho que significa que temos de começar a encher baldes…
— Então, o que vamos fazer?
— Trabalhar em equipa!
— Já não era sem tempo…
Assumam a responsabilidade…antes que seja tarde!
Sam Weiss
Fred Crippen, 1993
(Tradução e adaptação)