— Já ouviste falar da árvore da sabedoria, meu filho?
E contou-lhe que, desde a noite dos tempos, existia no deserto uma palmeira excecional. Dizia-se que quem comesse os seus frutos adquiria inteligência, encontrava a chave da felicidade, e sabia como viver bem e em paz, sem que nada o atormentasse. Mas era muito difícil encontrá-la e eram poucos os que tinham conseguido trepar pelo seu tronco.
O rapaz, fascinado com semelhante revelação, decidiu partir em busca dessa árvore tão prodigiosa. Percorreu o deserto de norte a sul e de este a oeste, perguntando a homens sábios, a mercadores e a viajantes.
Mas teve de regressar para junto do pai, dececionado e triste.
— Procurei essa palmeira excecional de que me falaste e não fui capaz de encontrá-la.
— Meu filho, como és ingénuo! Não se trata de uma verdadeira palmeira. A árvore da sabedoria é a educação que cada um deve adquirir desde jovem. É preciso trepar pelo seu tronco com a aprendizagem da leitura e do cálculo. Depois, é preciso deslizar entre as suas folhas, evitando picar-se nos espinhos afiados, que representam o trabalho árduo da escrita e da redação. A seguir é preciso saber manipular as suas flores para que tenha lugar o milagre da fecundação, que é o trabalho do pensamento e da reflexão. E se conseguires superar todos esses obstáculos, poderás aspirar a provar a doçura das suas tâmaras, ou seja, terás atingido por fim a sabedoria e desta forma saberás resolver todos os problemas que a vida te for apresentando.
Ana Tortajada
Filhas da areia
Porto, Asa Editores, 2005
(Adaptação)