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Blog do Vavá da Luz

UMA CÂMARA DE VEREADORES NOS ANOS CINQUENTA (Ramalho Leite)

UMA CÂMARA DE VEREADORES NOS ANOS CINQUENTA

RAMALHO LEITE

Na eleição de 1951 defrontaram-se no município de Bananeiras a Coligação Democrática Paraibana (CDP) que elegera José Américo de Almeida, governador do Estado e a União Democrática Nacional (UDN), partido de Argemiro de Figueiredo. Para a prefeitura municipal de Bananeiras foram eleitos o agrônomo Antônio Coutinho Filho e a seguinte Câmara de Vereadores: Mozart Bezerra Cavalcanti, Gastão Carlos de Almeida, Arlindo Rodrigues Ramalho, João Elísio da Rocha, José Tomas de Aquino, Luiz Ferreira de Melo, Joaquim Pereira de Castro, Cláver Ferreira Grilo, Antônio Alencar de Oliveira, sendo cinco da CDP e quatro da UDN.
Nesse período, o fato mais importante que se debateu foi a emancipação política do distrito de Moreno, transformado no município de Solânea. Efetivado o desmembramento, os vereadores João Elísio da Rocha e Luiz Ferreira de Melo, radicados em Solânea, considerando que estavam ocupando indevidamente cadeiras que deveriam pertencer ao município de Bananeiras, renunciaram aos seus mandatos. No período de 1951/1954 foram presidentes do legislativo os vereadores João Elísio da Rocha e, com a renúncia deste, o vereador Luiz Ferreira de Melo; Arlindo Rodrigues Ramalho e Ozias Guedes Alcoforado, este suplente convocado com a renúncia de titulares e, finalmen te, Cláver Ferreira Grilo, eleito no último ano, 1955. O presidente tinha mandato de um ano e os vereadores não eram remunerados. Arlindo tomou posse como presidente aos onze dias do mês de dezembro de 1953.
As atividades de presidente, ao que parece, eram incompatíveis com as ações e iniciativas normais de um vereador. Os requerimentos com respeito ao distrito de Borborema, principal reduto do vereador Arlindo Ramalho, passaram a ser assinados pelo seu colega de bancada, vereador Antônio Alencar, representante de Solânea. Este, após a emancipação de Solânea, não seguiu o exemplo de seus colegas solaneneses, pois ,não consta que haja, por igual, renunciado o seu mandato de vereador.
Deixando a presidência, voltou o vereador Arlindo Ramalho a exercer o seu papel de oposicionista. Era um fiscal exigente das contas e serviços municipais. Uma das prestações de contas do prefeito Antônio Coutinho, recebeu voto favorável do vereador João Rocha, com a justificativa de que, tendo o vereador Arlindo Ramalho dado parecer favorável, não poderia duvidar da lisura dessas contas. Em Borborema, Arlindo Ramalho não dava trégua ao soba local, o industrial José Amâncio Ramalho, para evitar que implantasse ali um regime do quero, posso e mando. Uma usina de energia estava sendo implantada em Bananeiras, vez que a hidroelétrica de Borborema, fundad a por Zé Amancio, já se mostrava sem capacidade para atender a  sete municípios da região. A Câmara reclamava da demora. O dr. José Amâncio dirigiu-se aos vereadores pedindo um prazo de sessenta dias para concluir a obra. O vereador Arlindo propôs uma emenda e assim foi aprovado o prazo de, apenas, trinta dias.(11.06.1952).
As reivindicações do vereador Arlindo eram em sua maior parte com referência ao distrito de Borborema. Pedia ao DER para restaurar a estrada entre Bananeiras e Borborema; denuncia as arbitrariedades policiais cometidas pelo cabo Valdemar Coutinho e agradece ao industrial Juradir Rocha sua interferência retirando o referido policial daquele distrito; pede auxilio ao município para a construção da torre da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, de Borborema; pede informações ao prefeito sobre a construção de um galpão, este de caráter provisório, antes da obra de um matadouro definitivo, o que considerava desperdício de dinheiro público; pede cria&c cedil;ão de uma Guarda Noturna; cria um prêmio denominado “Dr.Mariano Barbosa”, destinado a estudantes; registra o falecimento do dr.José Amâncio Ramalho, aos nove dias de junho de 1953; pede a construção de uma ponte sobre o rio Cumatí, na estrada de Vila Maia; apela ao DER para alargar a estrada para Borborema, à altura do Hospital João da Mata.
A ordem do dia de uma Câmara de Vereadores, ontem como hoje, trata de assuntos os mais diversos. Selecionei essa do dia 23 de dezembro de 1952: ORDEM DO DIA- 1.Projeto de higienização das feiras;2. Projeto de  urbanização da cidade;3.Projeto que autoriza linha telefônica entre a cidade e a escola agrícola;4.Resolução que trata de uma gratificação a ser concedida ao médico Mariano Barbosa e ao farmacêutico Eloi Farias;5.Voto de Aplausos ao monsenhor José Coutinho pelo recebimento, no Rio de Janeiro, de honraria concedida pela Standard do Brasil S/A; 6.Voto de Aplauso ao monsenhor José Pereira Diniz, pela sua promoção;7.Voto de Aplau so ao dr.Rivando Bezerra Cavalcanti pela sua colação de grau em direito (Rivando chegou a desembargador e presidente do TJPB e, nessa condição assumiu o governo da Paraíba por mais de trinta dias, enquanto era processada pela Assembleia a eleição dos novos dirigentes do Estado para um mandato tampão, face a renúncia do governador Wilson Braga e seu vice)( Para o livro ARLINDO RAMALHO, A CANDEIA ESPEVITADA DA UDN)