Pular para o conteúdo

Um brasileiro notável (Marcos Pires)

       Provavelmente os queridos leitores já ouviram falar da empresa Agroceres, potencia da agricultura nos mais diversos segmentos do tal agronegócio. Porém duvido muito que vocês conheçam a história de Antônio Secundino. Nasceu nos cafundós de Minas, filho de pequenos agricultores. Seu pai morreu quando ele era criança e sua mãe, que mal sabia ler e escrever, convenceu um vizinho que estivera 3 anos na escola a ensinar o básico do básico ao menino. Em troca presenteava esporadicamente o professor com uma galinha ou um bacorinho. Aos 9 anos sua mãe já havia casado novamente e o mandou para um internato. Tempos depois o padrasto emprestou uma grana e o garoto conseguiu comprar 70 cabeças de gado, que engordou e vendeu com lucro. De tal forma seguiu que ao completar o ginásio aos 14 anos já era experiente no comercio de gado. Dois anos depois sua mãe o convenceu a matricular-se numa escola de agricultura que acabara de ser fundada em Viçosa, onde existiam professores brasileiros, alguns americanos e mais um italiano e outro alemão. Os alunos não falavam nenhuma língua estrangeira. Por sua vez os professores retribuam com a mesma ignorância, de maneira que criaram uma comunicação só deles, com pedaços dos 4 idiomas.

      Em 1933 ele já era professor de agronomia lá em Viçosa e começou a pesquisar o milho hibrido americano. Fascinado pela produção de milho, Secundino sacou que enquanto o Brasil produzia apenas 1.100 quilos por hectare, os EUA matavam com 1.900 quilos. Era o milho hibrido que fazia a diferença. Tanto infernizou que conseguiu um estágio de 6 semanas no Mississipi e posteriormente uma pós graduação gratuita na faculdade do Estado de Iowa. Conheceu muita gente por lá, tornando-se amigo de um futuro Vice Presidente americano e de Nelson Rockfeller.

      De volta ao Brasil mergulhou no sonho do milho hibrido e depois de muito bater cabeça finalmente produziu o primeiro milho hibrido dos países tropicais. Com a ajuda dos amigos americanos e do sócio Gladistone fundou a Agroceres. E aí começou sua maior luta; convencer os broncos agricultores brasileiros da excelência do seu produto. Fez de um tudo, de correr riscos comerciais a assumir prejuízos. Mas começou a dar certo e a Agroceres vicejou. O mais arretado é que Secundino abriu mão do mando de campo em favor de seus funcionários. A partir de dois anos trabalhando na Agroceres os empregados ganhavam ações da empresa e passaram a ter mais ações que o próprio Secundino. Desnecessário dizer que isso criou um elo incrível e vitorioso. A genialidade e a perseverança de Secundino elevaram nosso país na economia do mundo.

      Sempre que ouço falar da pujança do Brasil na agricultura, fico imaginando quando é que a pátria amada fará justiça a esse incrível brasileiro.

       Viva ele!