Não vejo preconceito quando se chama de “paraíba”, o nordestino que aporta em São Paulo para ajudar o seu desenvolvimento. Quem prefere o Rio e quase sempre sobe o morro, é chamado de “baiano”. E nem por isso a Bahia se revolta. Mais constrangedor foi a deturpação da musica de Gonzagão que, para homenagear a terrinha, terminou carimbando a mulher paraibana de “mulher macho, sim senhor”. E o velho Lua nunca deixou de receber as mais escolhidas homenagens dos paraibanos.Prefiro lembrar os “paraíbas” de sucesso , orgulho de todos nós.
Há dez anos esses três grandes paraibanos teriam completado cem anos, se vivos estivessem. Pela ordem de nascimento Abelardo de Araujo Jurema, João Agripino Filho e Pedro Moreno Gondim nascidos nos idos de 1914, o primeiro em 15 de fevereiro,o segundo em 1º. de março e o ultimo em 1º. de maio.
Abelardo Jurema nasceu em Itabaiana e começou por lá a sua vida pública, nomeado prefeito com o advento do Estado Novo. Jornalista, enquanto cursava a Faculdade de Direito do Recife, escrevia para o Diário de Pernambuco, Jornal do Comercio e Diário da Tarde. Tinha que vir parar em A União, a escola de todos. Sob a direção de Orris Soares (Bisavô de Jô Soares) conciliava seus escritos para as linotipos com a gerência de uma fábrica de cigarros de seu avô.Não foi em vão que, no exílio pós 64, sobreviveu no Perú vendendo charutos. Ao ser cassado pelos militares, já fora secretário de estado, senador-suplente e deputado federal chegando a Líder de JK e Ministro de Jango. Foi um “paraíba” de sucesso e que honrou a delegação dos paraibanos.
João Agripino Mariz Maia que ganhou nome e fama como João Agripino Filho nasceu em Catolé do Rocha. Foi professor primário, promotor de justiça e na restauração da democracia, em 1946, ajudou a fundar a UDN e por este partido candidatou-se a deputado federal cumprindo vários mandatos. Em 1962 foi eleito deputado e senador, preferindo o Senado.Dalí saiu para ser Governador da Paraíba mas antes serviu como Ministro ao Governo Janio Quadros. Deixando o governo, incursionou pela iniciativa privada para depois chegar ao Tribunal de Contas da União, do qual foi presidente. Fez um governo diferente e povoou o Distrito Industrial criado por Pedro Gondim, que o antecedeu.
Pedro Gondim nasceu em Alagoa Nova mas teve em Serraria, seu berço político. Dedicava-se a atividades agrícolas e à advocacia quando foi convocado a disputar a eleição de deputado estadual. Esteve na Assembléia até ser escolhido, em 1955, para o cargo de vice-governador em chapa conciliada por José Américo (que deixava o Governo) e que elegeu Flavio Ribeiro Governador. Com a enfermidade do titular, assumiu o governo da Paraíba e renunciou em 1960 para ser candidato ao cargo. A vitoriosa campanha O Homem é Pedro, dividiu o fortíssimo pessedismo e abalou a cidadela de Rui Carneiro. Foi cassado quando exercia o mandato de deputado federal.