Marcos Pires

Formei-me em Direito na Universidade Federal da Paraíba no início dos anos 80. Aquele foi o último ano das colações de grau conjuntas de todos os cursos da U.F.Pb. Eu fizera aquele curso para defender minha família; pais, tios e avós que sofriam com centenas de execuções ajuizadas e todos os bens penhorados graças à maxidesvalorização do dólar, produto do ministro Delfim Neto (gosto tanto daquele gordinho sinistro…). Portanto eu perdi o melhor emprego do mundo – filho de rico – para estudar porque meus pais quebraram e não tinham dinheiro para contratar um advogado. Tratava-se de muitos bens, entre os quais uma loja com três andares e escada rolante (depois ali funcionou a Mesbla) mais dezenas de imóveis. Esse patrimônio superava facilmente os 50 milhões de dólares.

Durante o curso de Direito e na defesa da minha família lutei contra os melhores advogados da Paraíba, sempre ajudado por amigos queridos. Aproximando-se a formatura senti que tinha algo a dizer a todos os formandos, e me candidatei a ser o orador de todas as turmas. Ganhei depois de muitas disputas e numa noite que jamais esquecerei, eu como orador geral e Ronaldo Cunha Lima como paraninfo, fomos as únicas vozes ouvidas naquele ginásio superlotado.

Desde aquela época mantenho pela “minha” Universidade um amor recolhido que sempre pretendi manifestar.

Chegou a hora.

Gostaria de convocar todo o povo paraibano, principalmente aqueles que como eu beneficiaram-se gratuitamente   da excelente qualidade do seu ensino para retribuirmos de todas as maneiras possíveis o muito que nos foi dado. A U.F.Pb. merece e precisa. Agora mesmo uma revista de prestigio acaba de aponta-la como destaque nacional num ponto importantíssimo; o deposito de patentes de invenções. Estamos entre as quatro mais produtivas Universidades do Brasil, acima da USP e outras celebres instituições de ensino. Entre tantos inventos, destaco o uso do sisal para um inseticida natural contra Zica, Dengue e Chikungunya. O custo da pesquisa em sete anos? Menos do que uma bolsa Birkin que as madames adoram.

Sinceramente, tenho vergonha de uma comunidade que não apoia sua Universidade. Somos beneficiários diretos e respondemos com esquecimento.

Isso é ingratidão.