Pular para o conteúdo

Blog do Vavá da Luz

Sobre banheiros  (Marcos Pires)

Sobre banheiros           

                   Marcos Pires

   Em 1953, o bucaneiro Assis Chateaubriand foi à coroação da Rainha da Inglaterra contra expressa recomendação do seu médico. É que o ilustre paraibano tinha incontinência urinária e a cada 15 minutos precisava ir ao banheiro. Ocorre que o rígido protocolo real exigia que nenhum convidado saísse do seu lugar durante a cerimônia, que durou cinco horas.

   No hotel, pouco antes de ir à Catedral de Westminster, Chateaubriand furou os bolsos dianteiros das calças do seu fraque e conseguiu amarrar ali duas garrafas grandes de refrigerante. Gênio. Durante toda a cerimônia ele utilizou os depósitos várias vezes. Ao final foi discretamente ao banheiro e livrou-se dos recipientes.

Pode-se dizer que foi o único brasileiro a fazer xixi a menos de 5 metros da rainha da Inglaterra. E por várias vezes, registre-se.

   Esse assunto veio a propósito da descoberta que fiz recentemente. Pois não é, queridos leitores, que existem teses universitárias e até obras publicadas sobre banheiros públicos?

   Quando eu ainda cultuava bons restaurantes, conheci o El Bulli, do chef Ferran Adrià, na Espanha. Depois da refeição fui ao banheiro e deparei-me com um grafitti fantástico: “ Aquí termina el trabajo de um gran cocinero”. A mais pura gozação com Adrià, que à época era considerado o melhor chef do mundo.

   Essa coisa de banheiro é engraçada. Um amigo uma vez me segredou que gostaria de conhecer um banheiro feminino. Nas altas filosofias etílicas dele, os banheiros femininos devem ter mesas de pingue-pongue, porque as mulheres sempre entram em dupla e demoram bastante. Eu nunca precisei ficar embriagado para alimentar uma séria dúvida; por que os banheiros dos postos de gasolina são sempre fechados à chave? Será medo de que alguém queira entrar para fazer uma faxina naquela nojeira? Aliás, encontrei um aviso arretado no posto de gasolina da av. Epitácio Pessoa: “Puxe a descarga, ninguém é tão curioso assim”.

   No meu tempo de escola, havia uma mensagem no banheiro que dizia: “Não desperdice, use o bom senso”. Mas vem cá; ali não havia papel higiênico, não havia sabonete, a descarga vivia quebrada e sempre faltava água. Onde será que eles guardavam o bom senso para usarmos?