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Blog do Vavá da Luz

   Sabedoria demais ( Marcos Pires)

Marcos Pires

         Sabedoria demais

    [email protected]

Daqueles movimentos populares de 2013 ficou claro que os eleitores queriam modificações em tudo, inclusive no processo eleitoral. Lembram meus leitores que muito se falou em financiamento de campanha, caras novas (os tais outsiders) na política e proibição do compadrio entre empreiteiras e candidatos.

Pois não é que os Deputados Federais e Senadores ouviram uma coisa e fizeram outra? Primeiramente cuidaram de diminuir o tempo de campanha, que passa para apenas 45 dias de rádio e televisão. Como dividir os poucos segundos de cada partido entre centenas de candidatos e permitir aos novos pretendentes que o povo os conheça? Pior ainda, enquanto acabavam com o financiamento das pessoas jurídicas, aí incluídas as Odebrechts da vida, criaram um fundo eleitoral com o meu, o seu, o nosso dinheirinho, que vai chegar aos 3 bilhões de reais quando fizerem os noves fora da conta, e esse dinheiro vai ser distribuído pelos dirigentes dos partidos que já avisaram; a grana vai preferencialmente para quem já tem mandato e pretende a reeleição.

Tem mais; a tal reforma que as ruas queriam em 2013 pode ser resumida ideologicamente na seguinte questão; o Presidente do PR, Waldemar da Costa Neto, criminoso condenado pela Justiça, estava em dúvida entre apoiar Lula ou Bolsonaro, extremos inconciliáveis. O pior é que ambos lambiam uma rapadura por esse apoio.

Na verdade, para esses nobres políticos tanto faz quem será eleito Presidente em outubro. O que eles querem é reeleger o maior número de seus atuais Deputados e Senadores, porque qualquer que seja o próximo Presidente ele terá que negociar com esses mesmos Deputados que cassaram Dilma quando ela não tinha mais o que lhes dar e emparedaram Temer enquanto ele ainda tem migalhas de poder a oferecer.

Podem esquecer os nobres propósitos das campanhas. Numa discussão entre os dirigentes do chamado Centrão, Rodrigo Maia (DEM) teria dito que estava encontrando dificuldade na interlocução com Ciro Gomes, que exigia pureza ideológica, no que foi interrompido pelo Senador Ciro Nogueira (PP): “- Hem, pureza ideológica? Eu quero é o Ministério da Saúde no próximo governo”.

Meu avô dizia que sabedoria demais engole o dono. Acho que esses políticos ainda não chegaram no limite da sabedoria, tanto que ainda não foram engolidos.

Falta apetite ao povo?

Att,

Pires Bezerra Advocacia