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Blog do Vavá da Luz

RESSACA ELEITORAL (MARCOS SOUTO MAIOR (*)

MARCOS

Nesta segunda-feira, o brasileiro se pareceu com cara de ressaca brava, parecendo ser fim de carnaval ou, de um jogo importante e decisivo de futebol. Estamos agora numa conhecida etapa eleitoral, quando por falta de maioria absoluta dos votos, impostas por lei, levará ao segundo tempo. No cenário nacional e local, dificilmente deixará de haver eleições em segundo turno de votação, com finalidade de assegurar o cumprimento da maioria absoluta, exigida pelo princípio da representatividade majoritária. Os cientistas políticos dizem que, nestes casos o jogo estaria “empatado”, exigindo a montagem de novas articulações e estratégias políticas.

Pois bem, passados agora no tempo, a maior eleição informatizada do mundo, ainda tem eleitores reclamando da vida, por terem de esperar em pé vários minutos de intermináveis filas, tudo por causa do sistema biométrico, novidade pela segurança do acesso às urnas eletrônicas. Trocando em miúdos, o cara chega a sua vez de votar, apresenta o título de eleitor ou documento com foto, mete no “dedômetro” um dos dedos para registrar a sua identificação digital. Aí tem gente que começou com o dedo polegar, não para significar positivo seu voto, aí passando pelo indicativo, passeia no médio dando uma parada maior, estira o dedo anelar com raiva e, pedindo graças a Deus, o dedo mindinho acerta a exigência do TSE, para exercer o sufrágio pelo cansaço. Coisa de louco…

Na verdade, foi pela primeira que as eleições utilizaram o sistema biométrico de identificação do eleitor. Tal sistema, em tese, impede fraude à identidade do eleitor, tirando o mel no céu da boca de alguns espertinhos, no flagrante cometimento de crime eleitoral, na tentativa de um terceiro votar outrem. Certo, que toda modernidade técnica, tem seus aspectos positivos e negativos, e a evolução do novel sistema favorecerá a lisura do pleito no Brasil, entretanto, a experiência do pleito deste ano, poderia não ter massacrado tanto os eleitores do nosso país continental.

E nossos companheiros de ressaca eleitoral, sob compromisso de honra, iam pausadamente circular pelas ruas, praças, logradouros e rodovias, sob um banho de papeis retratando seus candidatos escolhidos, nos famigerados ‘santinhos’. Terminando por formar uma montanha de papel velho retorcido em meio ao lixo convencional e muita poeira no ar, muitas vezes com agitação do vento passante formava um perfeito redemoinho. De graça, logo vem à irritação da garganta com a tosse velha se levantando para quem quiser ver e ouvir.

Tirando os poucos transtornos no processo eleitoral, uma colher de xarope seria o necessário para esquecer as poucas turbulências nestas eleições restando sempre um saldo positivo para o exercício pleno e desembaraçado do direito do povo escolher livremente, seus representantes. Aos que continuarão no eletrizante jogo eleitoral, restam arregaçar novamente as mangas, rever as estratégias e lutar por cada voto, afinal de contas, fortalecer o corpo, voltar a tomar a sua bebida tradicional e soltar a memória, porque a ressaca das eleições 2014 vai ceder espaço, sim, para tudo voltar a acontecer, inclusive nada.      

(*) Advogado e desembargador aposentado