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Quinze mil empregos ( Marcos Pires )

Quinze mil empregos

     Imaginem, leitores queridos, uma empresa anunciando que irá se instalar aqui na Paraíba e gerará 15.000 empregos. Empregos diretos, diga-se de passagem, o que significa por baixo mais uns 30 mil empregos indiretos. Imaginem ainda que a empresa vai ser instalada num local ermo, com baixíssima população e sem qualquer infraestrutura. Portanto, caberá a essa empresa construir tudo, desde ruas e abastecimento de água e luz, até as casas onde seus operários irão residir. Some-se a isso praças, cinema, clubes, escolas…enfim, tudo o que se fizer necessário para que os empregados tenham um padrão de vida adequado.

     Pois isso aconteceu aqui na Paraíba a partir de 1917 (já lá se vão mais de 100 anos) quando o Coronel Frederico Lundgren mandou Arthur de Gois a Mamanguape com o objetivo de comprar terras e ali instalar uma fabrica de tecidos.

     Frederico era um dos cinco filhos do imigrante sueco Herman Lundgren e ainda antes do inicio dessa aventura paraibana ele e seu irmão Arthur já detinham o know-how da indústria têxtil, desenvolvido na cidade de Paulista, em Pernambuco, onde possuíam uma fábrica enorme, tecidos Paulista.

     A unidade fabril da Paraíba começou a funcionar em 1924, equipada com teares vindos da Inglaterra.

     Até aqui contei o que é de geral sabença. Agora vou me soltar.

    Fico imaginando o espirito empreendedor, o tamanho das dificuldades e a quantidade de problemas resolvidos para que aquela fábrica pudesse existir.    

     Soube de fonte segura que os cinco clubes construídos destinavam-se aos diferentes segmentos da população do local, desde o clube da diretoria até o clube da peãozada. Garantiram-me que o cinema tinha quase dois mil lugares.

     Nas minhas conversas com quem ainda lembra daquela época um ponto destacou-se; a educação. Construíram o grupo escolar Herman Lundgren onde o ensino, além das matérias comuns, era voltado para preparar mão de obra qualificada destinada à fábrica. Portanto, o olhar dos empresários sobre seus empregados não era somente de proteção, mas principalmente de preparação de um exercito de futuros operários para o seu empreendimento.

     Fico imaginando quantas histórias incríveis estão escondidas ali, desde a suposta construção de um castelo que hospedaria Hitler até a derrocada da fábrica, à espera de alguém que possua engenho e arte suficientes para brindar os leitores com essas descobertas.

      Quanto a mim, na próxima semana volto ao normal, que é fazer seus fins de semana mais amenos.

     Sapateiro, aos teus sapatos.