Os desígnios nos deram muitas chances para a arte de raciocinar, arte aqui se entenda como capacidade ou faculdade de raciocinar, o que nos distancia da estupidez. Por essas razões e por incentivo do Professore Francesco Morandini (PUG – Roma), tornei-me também professor de Lógica, o que causa tanto sofrimento, ao ouvir tanta ilogicidade por aí, mentiras de rua, na mídia e agora especialmente nos debates eleitorais, quando acontecem, não um oferecimento de ideias, mas um embate impetuoso de insultos. Quem mais é atacado é o que mais fez, o que mais realizou. Pois quem sempre nada realizou reserva a si apenas a crítica de inoperante. Portanto, apesar das angústias, a Lógica tem me ensinado e feito ensinar modos de raciocinar e de correto discernimento.
Schopenhauer distinguiu, com propriedade, que “capazes de raciocinar são todos, de julgar, poucos”. Julgar significa fazer objetivamente juízo sobre alguma pessoa, fatos ou coisas, o que difere de proferir, subjetivamente, opinião. As opiniões, geralmente, se iniciam com um “eu acho que” ou “eu penso que”… Mas, para ardilosamente mentir pronuncia-se a mendacidade por perfídia, sem sinceridade, com propósitos escusos. E isso tem acontecido nos debates e nas entrevistas sobre os candidatos pela boca de quem argumenta com premissas falsas e mal relacionadas para uma conclusão verdadeira. Dos dados não verdadeiros e mal relacionados só se pode obter conclusão falsa, mas, no caso dos tais interesses da baixa política, tais conclusões nos são apresentadas com a tintura de verdadeiras, em maquinado raciocínio que resulta em fakenews.
Salomão pediu a Deus sabedoria e o atendimento da Providência foi dar-lhe, suficientemente, discernimento. É em saber discernir, em que se encontra a sabedoria. E Quem tem o dom do discernimento se releva como o mais bem qualificado para saber escolher. Ora, no momento atual, eleição, para exercer a sua preciosa finalidade, é um processo de escolha. Se de escolha, necessária se faz uma apurada comparação, igual ao procedimento do caro leitor ao comprar 10 laranjas, expostas num balcão de 10.000 laranjas. A pressa de se tomar a decisão, sem os cuidados para a melhor escolha, resulta em adquirir uma laranja podre para chupar. O bom êxito está na paciência para escolher, sem influência de preconceitos, das mentirosas propagandas, muitas vezes, alimentadas pelo ranço do ódio.
O legítimo histórico do candidato, nas eleições, é fundamental para o leitor saber de quem se trata para poder cuidar das coisas públicas e coletivas. Veja-se quem não tem histórico de vida, sobretudo de vida política, promete o prenúncio de uma aventura, muitas vezes, como uma aventura mal sucedida, desastrosa para os objetivos de quem vai cuidar do erário público e atender com ele as necessidades do povo. Além dos novíssimos, sem qualquer experiência, há os que já tiveram oportunidade, prática de experiência, na vida pública. Verifique-se como procederam e, comparando-os, escolha o melhor, o que sempre há. Nesse sentido, sua fé não deve ser contaminada pela politicagem, tampouco por ordens ou determinações da sua igreja. Padre, sacerdote ou pastor devem orientar sua participação política, mas jamais lhe impor o candidato que é dele, o que retiraria o seu direito, de você próprio, discernir o melhor, escolher quem mais atende às necessidades do povo.
Nesse 7 de setembro, refleti que o povo do nosso país, desde centenas de anos, ainda não sentiu a libido completa da independência, da sua política econômica ou mesmo da liberdade de ser feliz. Libido, enquanto capricho, vontade ou desejo excessivo realizados, termos diferentes nos conceitos psicanalíticos. Desejo de o povo ser feliz, no gozo do bem-estar.
Damião Ramos Cavalcanti.