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Blog do Vavá da Luz

Quase cornos

 

Quase cornos.

 

Os que são “do meu tempo” haverão de lembrar uns tais cadernos de confidencias que as meninas produziam e entregavam a alguns privilegiados para preencherem. Em cada página havia uma pergunta para os mancebos escolhidos responderem. Não ser convidado para participar daqueles tais cadernos era o mesmo que ser chamado de feio ou idiota. Tremenda frustração.

 

Passou o tempo e com o advento da internet surgiram os grupos de zap. Eles têm de um tudo, desde os grupos de família até grupos de profissão, passando por grupos de amigos – esses sim, o motivo deste escrito.

 

Ocorre com esses grupos de amigos do zap quase o mesmo que se dava com os antigos caderninhos de confidencias. É muito comum você estar numa reunião social, numa atividade esportiva, em qualquer lugar que junte alguns amigos e ouvir deles que tal foto ou fato foi postado “no grupo”. Como assim no grupo, qual grupo? Que grupo é esse ao qual você não pertence? A partir de então começa uma luta surda de convencimentos sutis de sua parte para que lhe convidem a integrar esse novo grupo. Quando sua insinuação se tornar tão evidente que não possa ser ignorada eles dirão imediatamente que não são os administradores do tal grupo, mas que irão procurar descobrir quem é o administrador e falar com ele. Já é uma bruta humilhação, pois não? Pior ainda é ficar cobrando a uns e outros se o tal administrador já decidiu.

 

O mais terrível, entretanto, é quando você sabe numa dessas conversas que todos os integrantes do teu melhor grupo de zap criaram um novo grupo e não te incluíram. Creiam que isso acontece com muito mais frequência do que se possa imaginar. Aí a coisa pesa. É que não há como fugir à constatação de que as pessoas de quem você mais gosta e com quem mais convive decidiram manter uma relação oculta de você. O que será que conversam? Por que será que te excluíram?

 

Uma querida amiga foi de uma sinceridade incrível: “Marquinho, afora a questão sexual, isso aí equivale a uma traição matrimonial. Não é brincadeira alguém descobrir que esse pessoal – e olha que na traição amorosa existe apenas uma única pessoa traindo – todos em quem esse coitado mais confia e gosta, uniram-se às suas costas (à sorrelfa, à socapa…como queiram) para desfrutar da sua ausência. Poderiam ter sido sinceros e dito logo que isso iria acontecer. Mas não; a pessoa será sempre a última a saber. Pra mim é como se fosse um quase corno”.

 

Que cousa!

 

Colunista : Marcos Pires