Hoje a lei considera crime o extermínio de cães e gatos saudáveis por órgãos públicos. No passado, competia ao gestor público livrar-se de animais infectados. Lembro que certa feita o governador João Agripino expulsou um soldado da Policia por atirar na via pública. Procurei o chefe do Governo e expliquei que o tiro fora dirigido a um cão vadio que perambulava pelas ruas. Recuperei a farda do policial. Hoje atirar no cão é crime maior que atirar na via publica.
Por volta dos anos 1800, oriundo da Câmara Municipal de Campina Grande, o presidente da Província da Parahyba do Norte, Francisco de Araujo Lima aprovou lei que proibia “na Vila e suas compreensões” a criação de cabras, ovelhas e porcos, assim como cães soltos, sob multa de dois mil reis. E os animais que fossem apreendidos seriam entregues às autoridades para procederem de acordo com as leis em vigor. Havia exceção: as cabras de leite que serviam à amamentação de crianças, desde que recolhidas até às seis horas da tarde.
Deixando de lado a preocupação antiquíssima da Vila Nova da Rainha, abrimos os olhos e a cada esquina vemos uma casa de abrigo para os pets, isto é, animais de estimação. Certa empresa do ramo, uma franquia que abre cerca de trinta filiais por mês, anunciou um lucro de cerca de 14,9 milhões no ano passado. Acrescente-se que o valor de suas ações recuaram em face do fraco desempenho de suas lojas físicas. Apesar disso, o lucro representou um aumento de cerca de 120 por cento, em relação ao ano anterior.
Trata-se, como se vê, de um comercio em ascensão. E gera muito emprego. Por conta dos pets já surgiu o pet sitter, a babá do pet. O Dog walker, o passeador de cães e outras variações. Na hospedagem, por exemplo, desde a necessidade de passar apenas uma noite, brincar durante o dia, ou hospeda-lo em uma creche. Se o seu pet prefere ficar em casa, pet sitter nele. Esse cuidado especial da babá pode custar, no mínimo, 60 reais por noite.
O crescente reconhecimento do valor dos animais de estimação já fez surgir ferramentas que ganham notoriedade na hora do voto. O capa-movel já virou modelo em inúmeras comunas e a dedicação aos pets conseguiu se transformar em votos. Querem um exemplo? O vereador mais votado da capital acrescentou a palavra PET ao seu nome. Trata-se de Gugapet. E os donos de cães e gatos fizeram fila nas urnas para votar nele. Donos de cães, não, desculpem: tutores.
Todo esse papo de quem estar sem assunto para preencher o espaço vem a proposito de minha neta estar esperando meu primeiro bisneto. Ela tem dois pets amados e bem cuidados. Sua preocupação agora é o latido dos bichinhos não acordar a criança que está para chegar.