Mais uma virada de estação, e eu me deparo com o umbuzeiro, florescendo, em meio à paisagem seca, no mês de dezembro, no Cariri paraibano, onde, ao seu redor, tudo conspira para o deserto, e ainda à ameaça de incêndio que pode ser provocado a qualquer momento pelo homem insano, onde nem uma gota de água caiu nesses tempos de sequidão da estação que tardia o tempo da invernada.
Daí brotam as flores no umbuzeiro centenário, e eu, parado diante dele, ajoelho-me em orações, sinto mesmo a presença de Deus.
Peço perdão de meus pecados e debulho em preces minha gratidão. Levanto-me olhando o sol, prevejo meu caminhar, toco a árvore em devaneio e ressignifico toda a história vivida.
Resiliência é a imagem do retrato, agora sentado ao lado do tronco da árvore, para formular meus passos, em busca dos caminhos do hoje, na estrada dessa vida.
Valeu, umbuzeiro que floresce! Enche-me de Deus vivo, desse que está perto e me segura, que me move e me leva, que me guia e fortalece, que me levanta e me mostra o caminho que leva ao sol e à luz.
Eita, umbuzeiro florido… quero ser grande e forte igual a ti. Encontraremo-nos na colheita do teu fruto bom, e comungarei a vitória dos fortes, dos que amam, que encaram as estações de cabeça erguida, no papo reto, porque ontem foi ontem, hoje é hoje e amanhã será amanhã.
Daqueles que dizem: eu sobrevivi, e estarei cada vez mais perto desse Deus, que só quem O enxerga são os fortes.
De um dia de domingo
Carlos Marques Dunga Jr
15/12/2024