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Blog do Vavá da Luz

QUANDO A POLITICA SE TRANSFORMA NUM INCANSÁVEL SAMBA DO CRIOULO DOIDO

 

Por Chico Pinto Neto

O Brasil está cambaleando, desconexado feito bêbado numa quarta-feira de cinzas sem encontrar o caminho de casa. Hoje em dia o Brasil convive com uma crise institucional das mais perigosas dos últimos tempos.

Um desastroso ego de vaidades em detrimento dos principais problemas do país a exemplo da economia e da segurança pública, males que nos assolam diuturnamente.

As instituições não se entendem mais, andam às turras feito crianças brigando por guloseimas. Um poder determina enquanto o outro derruba aquilo que ficou decidido. Nesse vai e vem o perigo anda à espreita e só está sobrando para o pacato povo brasileiro.

Vejamos um dos mais recentes exemplos: o STF cassa o mandato da deputada Carlas Zambeli – PL-SP. Logo em seguida. vem a Câmara dos Deputados e derruba a tal decisão. O Supremo volta a determinar que cumpra o que ficou decidido. Daí, se cria o impasse, entre os dois poderes da República.

No meio de tudo isso fica a torcida ambígua dos cidadãos. Uns defendem um lado, enquanto outros, ficam com a decisão oposta. Se vivo fosse (Sérgio Porto) o Stanislaw  Ponte Preta, voltaria a satirizar esse momento com a sua famosa frase: “É um verdadeiro samba do Criolo Doido”.

De um lado, o ministro Alexandre Moraes diz que “a perda de mandato está prevista na Constituição e que a Câmara deveria apenas chancelá-lo. Ou seja, segundo ele, não caberia aos deputados deliberar sobre o tema”.

E acrescenta: “Votação na Câmara que manteve mandato de Zambelli “é ato nulo”, afirmou Moraes. “Por evidente inconstitucionalidade, presentes tanto o desrespeito aos princípios da legalidade, moralidade e impessoalidade, quanto flagrante desvio de finalidade.”…

No mesmo instante, o líder da oposição na Casa, Sóstenes Cavalcanti chama Moraes de “ditador psicopata”.

“Quando um ministro anula a decisão soberana da Câmara e derruba o voto popular, isso deixa de ser Justiça e vira abuso absoluto de poder.” sentencia o líder do PL.

E vai mais além: “O Brasil viu um ato de usurpação institucional: um homem passando por cima do Parlamento e da vontade do povo. Isso fere a democracia no seu coração. Se o sistema não gosta do eleito, ele tenta destruí-lo no tapetão” .

Diante desse confronto de opiniões precisamos raciocinar para não incentivar a insensata “briga”, pois há momentos em que acompanhar a política brasileira dá a sensação de estarmos diante de um grande número de improviso: cada ator entra em cena sem saber exatamente  qual é o roteiro, mas todos fingem que está tudo sob controle.

As alianças mudam de um dia para o outro, discursos se contradizem em questão de horas e decisões importantes parecem nascer mais de impulsos do que de planejamento.

Essa sensação de desordem fica ainda mais evidente quando observamos a relação entre os poderes. Em muitos episódios recentes, o funcionamento institucional parece um jogo de empurra.

O Congresso aprova uma medida, o Judiciário derruba a tal decisão, o Executivo reage tentando recuperar terreno, e tudo volta para o mesmo ponto de tensão.

Não há continuidade, não há previsibilidade — apenas um ciclo permanente de disputas, onde cada poder decide testar seus limites enquanto a população observa, cansada, mais um capítulo de uma novela que nunca chega ao fim.

Enquanto isso, temas estruturais seguem à margem. Educação, saúde, desigualdade, meio ambiente, infraestrutura — tudo isso perde espaço para a próxima reviravolta política, o próximo embate, o próximo gesto simbólico que rende manchetes, mas não resolve nada. A política vira espetáculo, e o espetáculo vira ruído.

Exigir coerência, responsabilidade e estabilidade institucional não deveria ser visto como ingenuidade, mas como o mínimo necessário para que o país consiga se levar a sério e avançar de forma consistente.

Precisamos de sensatez para que o “samba do Criolo doido” não seja o centro das atitudes dos homens colocados no Poder para engrandecer e trazer paz ao nosso País.

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