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Quando a estrela do Belo ainda não era vermelha (Rui Leitão)

 

 

Assumi a condição de torcedor do Botafogo paraibano quando a sua estrela ainda era branca. Um dos nossos vizinhos na Rua Sérgio Dantas, em Jaguaribe, costumava ir assistir aos jogos de futebol no Estadinho da Graça, em Cruz das Armas, ou no Estádio Olímpico, no bairro dos Estados. Ernane Bandeira, funcionário do Banco do Nordeste, era a pessoa a quem meu pai confiava me levar ao campo para ver os jogos do Belo.

Aos quatorze anos de idade passei a integrar a imensa torcida do mais querido time pessoense. Portanto, já se vão sessenta anos acompanhando a trajetória futebolística do Botafogo. Durante todo esse tempo vivi grandes e gloriosas emoções, mas também amarguei decepções e curti instantes de abatimento. No cômputo geral contabilizo mais alegrias do que tristezas. O Botafogo é o time paraibano que mais títulos conquistou.

O “BELO” é a paixão de uma cidade. Muitos perguntam qual a origem desse apelido. Nas minhas pesquisas encontrei a informação de que foi em razão de um grito entusiasmado e intenso do torcedor Antônio de Abreu e Lima (Tonico) ao comemorar um belíssimo gol da equipe, no que foi acompanhado pela torcida que passou a bradar em uma só voz “belooo, belooo”. A partir daí tornou-se o grito de saudação ao time quando entra em campo.

Em 1964, ao lado do Botafogo, nove outras equipes disputavam o campeonato paraibano: Campinense, que conquistaria o penta campeonato naquele ano, Treze (vice-campeão), Auto Esporte, Santos, União, 5 de Agosto, Red Cross, Pibigás e Guarabira. Comecei pois a torcer pelo “Belo” numa época em que os dois times de Campina Grande experimentavam o apogeu, assumindo a hegemonia do futebol paraibano. No Botafogo brilhavam como principais astros: Marajó, Val, Icário, Coca Cola e Bira. O primeiro título festejado por mim como torcedor foi o de campeão do Torneio Paraiba/Rio Grande do Norte.

Só em 1979, por sugestão do cronista esportivo Ivan Tomaz, o então presidente do clube José Flávio Pinheiro Lima, colocou cor vermelha na estrela do seu escudo. O objetivo era diferenciar do homônimo carioca. A nossa estrela ficou mais bonita, com certeza.

O coração de pré-adolescente nos anos sessenta, continua batendo apaixonadamente agora no peito de um septuagenario.

* Rui Leitão