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Premonição Marcos Pires

 

O texto que publico a seguir foi escrito há quatro anos por minha bela e muito amada filha. Nada mais atual.
“Pra quem não sabe: sou nordestina. Não voto no PT. Já votei. Não mais. Mas não sou definida por isso. Também sou mãe, esposa, filha, irmã, amiga… Até inimiga.
Me formei em direito. Cursei letras. Pós em tradução jurídica pela PUC e tradução pela USP (tomando inclusive vagas de sulistas no processo seletivo). Pós também em gastronomia, mais exatamente Cozinheira Chef Internacional. Teatro e tv também fazem parte de minha formação.
Luto boxe e Muay Thai. Fui da equipe estadual de natação. Joguei vôlei e handebol no colégio. Hoje em dia corro.
Sei dirigir carro mecânico. Sou ótima com decoração. Faço terapia. Falo inglês com fluência. Me viro no francês e no espanhol e estou aprendendo japonês.
Sou espírita.
Viajei e viajo muito pelo Brasil. Morei na Inglaterra. Já viajei para Argentina, Paraguai, França, Irlanda, Escócia, EUA, Chile e Austrália. Portugal também, a passeio, para conhecer aqueles que um dia falaram de nós como hoje você fala de mim.
Leio pra caramba. Assisto filmes até cansar os olhos. Tenho amigos gays, héteros, casados, solteiros, divorciados e até viúvos.
Ainda assim, nada disso me define.
Como nada disso definiria você. E, mesmo que definisse, eu te respeitaria.
Não é a escolha política de uma pessoa, um estado ou uma região que a define.
Porém é sua opinião pequena que a define, uma atitude diz mais sobre quem você é e qual o tipo de caráter que você tem do que sobre seus supostos julgados.
Soberba é pecado. Racismo é crime. Arrogância é feio.
Você acaba sendo pequeno.
Graças a Deus tenho fé na humanidade e esperança de que você evolua.
Negros já foram execrados, assim como mulheres, assim como judeus, assim como homossexuais, assim como nós todos, brasileiros.
Seja sempre bem-vindo ao meu Nordeste; lindo, hospitaleiro e misericordioso. Espero, pelo bem do Brasil, que ele não fique independente, porque senão, você, racista preconceituoso, estará perdido!
Ana Carolina Pires Bezerra Muro”.
Só tomei conhecimento do texto essa semana, através do amigo Dedé Borréia, que soltou uma graça: “- Você nunca vai escrever tão bem como sua filha”. Mas posso me esforçar, né?