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Blog do Vavá da Luz

PORQUE TRAIR IMPLICA SACRIFÍCIO? (Prof. Marcos Bacalháo)

marcos baclhao

 

A verdadeira traição consiste em posicionar-se de todos os lados e, ao mesmo tempo de nenhum.

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            Toda vez que somos frustrados em nossas ilusões e, toda a vez que não correspondemos às expectativas dos outros, estamos sendo traídos e traidores.

O contrário da traição é a fidelidade. Quem trai, está sempre maculando algum pacto de fidelidade. Responsabilizar-se pela traição é assumir o rompimento desse pacto. Nesse sentido, a traição implica sempre em um sacrifício. Trata-se de um problema de escolha e, portanto, de consciência.

 

Ao rejeitar a consciência daquilo que está sendo sacrificado em uma traição, a parte do sacrifício embutida em toda a traição é ignorada. Optar e assumir uma opção, é sacrificar algo em função da fidelidade a alguma outra “coisa”.

A “verdadeira” traição consiste em posicionar-se de todos os lados e, ao mesmo tempo, de nenhum. Este modo da traição apresenta-se também na incapacidade de trair. Aquele que recusa-se a frustrar expectativas é igualmente incapaz de reconhecer o sacrifício.

 

Em todo caso, há uma dignidade em fazer uma opção. É justamente esta dignidade que, na traição, consiste em “fazer o sacrifício”. É preciso no entanto deixar amadurecer a contradição, para que uma opção possa ser realizada e o dilema da traição resolvido. Durante esse período, o melhor a fazer é aceitar a contradição, sem rejeitar, a priori, qualquer uma das possibilidades. A fantasia de traição é pois um chamado para o sacrifício.

 

O problema é que hoje em dia, a palavra sacrifício tornou-se um tanto piegas. A busca pelo “prazer a qualquer custo” não aceita a frustração e quer “ter tudo”. Perde-se assim a dimensão da fidelidade, pois esta implica na possibilidade de escolha e, geralmente, as escolhas envolvem uma certa dose de traição e sacrifício. Envolvem também fé, esperança e certeza.