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PASCHOAL CARRILHO – UM GRANDE COMUNICADOR

PASCHOAL CARRILHO – UM GRANDE COMUNICADOR

A história do rádio paraibano não pode ser narrada sem que se faça referência ao comunicador Paschoal Carrilho. Era conhecido como o “príncipe dos auditórios”, em razão da forma alegre e profissional com que animava os programas musicais e de variedades, que tanto fizeram sucesso nas décadas de 50, 60 e 70, na Radio Tabajara.

No palco da antiga PRI-4, no segundo andar do prédio que ficava na esquina da rua Rodrigues de Aquino (antiga Palmeira) com a Almeida Barreto, ele se destacava como o grande comandante das plateias que lotavam o auditório nos fins de semana, ao lado de Gilberto Patrício. Com tiradas humorísticas e capacidade de improviso, conquistou o público, na chamada “era de ouro do rádio”.

Por coincidência do destino, nasceu e morreu num domingo de carnaval. Nos deixou em 1985. Era uma figura ímpar, até na forma de se vestir. Estava sempre usando um “smoking” branco e uma gravata tipo borboleta. Era uma espécie de “faz tudo” na programação de auditório da Rádio Tabajara. Escrevia, dirigia e fazia os comerciais, na base da intuição. De vez em quando, em razão do seu temperamento, soltava algumas palavras que mereciam reprovação da administração da emissora. Freguês assíduo de um barzinho que ficava em frente ao prédio da rádio, antes de começar a trabalhar ali tomava algumas doses da cachacinha.

Trouxe para esses programas grandes nomes da música nacional da época, Alcides Gerardi, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves, e, até, o famoso cantor mexicano Bievenido Grande, com quem, por uma semana, frequentou os locais da boemia pessoense. Promoveu e projetou no cenário artístico estadual, cantores e cantoras como Marlene Freire, Zé Pequeno, Walter Lins, Eclipse e o Trio Jassanã, dentre muitos.

Foi protagonista de histórias hilariantes que se tornaram inesquecíveis. Sendo o único que possuía o tal “smoking”, muitas vezes foi escalado para atuar como locutor oficial de grandes acontecimentos e solenidades do Governo. Numa dessas oportunidades, quando fazia a transmissão do sepultamento do médico oncologista Napoleão Laureano, levou um escorregão e caiu em pé dentro da cova e, sem titubear, pegou o microfone e soltou essa frase: “PRI-4, Rádio Tabajara, transmitindo diretamente de dentro do túmulo do Dr. Napoleão Laureano!”

Noutra ocasião, em plena ditadura militar, ao transmitir a chegada do general-presidente Ernesto Geisel a João Pessoa, ouvindo uma inesperada vaia, não se conteve e falou: “Acaba de desembarcar o Presidente”, e virando-se por conta do barulho causado pelos apupos, emendou…”e esses moleques”. Claro que estava se referindo ao grupo que estava se manifestando aos gritos em protesto, mas foi considerado um insulto aos integrantes da comitiva presidencial. A transmissão foi imediatamente interrompida.

Nas “ondas” da Tabajara firmou-se como um dos mais valorosos profissionais da radiofonia paraibana. Sua fama ultrapassou as fronteiras da Paraíba e do Nordeste, sendo lembrado como promotor de nossa cultura artística. Sua memória está reverenciada na praça que possui o seu nome, no bairro do Geisel, da capital paraibana.

Rui Leitão