Meu colega escritor René Descartes numa sacada incrível em seu livro “O discurso do método”, foi cirúrgico ao pretender que o bom senso é a coisa que está mais bem distribuída no mundo, porque nenhum de nós acha que precisa de mais bom senso do que supostamente possui.
No entanto basta observar o atual cenário politico brasileiro para constatar o quão distantes estamos do bom senso. Nem de longe pretendo esgrimir ideias ou candidatos porque desde muito tempo entendi que no Brasil pós 1988 o que menos importa é quem ocupa a presidência. Mais dia menos dia a Excelência irá cair nas garras do centrão, esse sim, o verdadeiro titereiro do poder nacional. Obvio que o centrão é pau mandado dos empresários e banqueiros.
Mas isso é sabido pelos sabidos.
O que me impulsiona é verificar que metade (eu disse METADE) do povo brasileiro deixou de conversar sobre politica com parentes e amigos por conta do acirramento dos ânimos que só aumenta com a proximidade das eleições. Onde está o bom senso nesse contexto? Como é possível que as pessoas tenham abandonado a arte da conversa ou, pior ainda, tenham começado a exercer uma autocensura com receio de desagradar os mais próximos? E não venham com desculpas de ideologia porque as duas pontas se encontram no mesmo laço; quem não aceita seu candidato é comunista ou gado.
Que cousa!
O respeito é bom e todos deveriam gostar dele, porém para ser respeitado é necessário antes respeitar. Passadas as eleições os candidatos eleitos partirão para os conchavos e sobrará para os eleitores apenas o rescaldo das amizades desfeitas ou dos familiares afastados. Isso não é de bom senso.
Se aceitam uma sugestão, quando o assunto entrar em política nos próximos 60 dias, que tal partir para algo muito mais sério como a existência de discos voadores e vidas extra terrestres? Porque ao contrário da politicagem que se pratica hoje no Brasil, seria falta absoluta de bom senso acreditar que estamos sós no universo.
De minha parte tenho certeza disso e a maior prova é que os extra terrestres, numa prova definitiva de sua inteligência superior, não querem nada com a humanidade. Não se pode tirar sua razão. Afinal, fazemos guerra ao invés de fazermos amor. Espalhamos doenças que só servem para justificar o lucro posterior dos laboratórios farmacêuticos. Desprezamos solenemente nossos semelhantes que não tiveram acesso à mesma educação que desfrutamos e o mais incrível, jogamos no lixo os restos de comida que fazem tanta falta na mesa dos menos favorecidos.
Confessem, se vocês fossem extra terrestres vivendo em civilizações bem mais adiantadas e fraternas, pra que bexiga iriam querer conviver com essa tal raça humana?
Deve ser por isso que outro colega escritor, Olavo Bilac, preferia ouvir estrelas conservando o seu bom senso. Afinal, em algumas delas seres mais desenvolvidos podem nos dizer como evoluir.