Pular para o conteúdo

Blog do Vavá da Luz

Os maus motoristas (Marcos Pires)

Os maus motoristas

Marcos Pires

 

Eu dirijo desde muito tempo, portanto para mim é algo natural, assim como andar de bicicleta. Por isso não tinha a menor ideia de como pode ser difícil para algumas pessoas o ato de dirigir. Claro que essa história vai terminar em mãe Leca, mas antes eu gostaria de dizer que esse privilegio não é só dela. Teve a quem puxar. Me contou que seu pai possuía um carro enorme, um Landau, eis que eram muitos filhos para transportar. Como ele era corpulento, não gostava de olhar para trás quando fazia manobras. Por isso, de manhã cedo, ao tirar o carro da garagem, dava ré até o muro lá atrás, onde mandara pendurar dois pneus.  Quando ele batia nos pneus sabia que já podia manobrar para a direita e ir em direção ao portão.

Antigamente esses casos eram comuns. Mozart me contou que em Monteiro, um dos primeiros proprietários de automóvel foi Dr. Alcides Menezes, que adquiriu um carro novo e dirigiu-se para casa, onde estacionou o veículo entre duas arvores. Cadê acertar a manobra para sair no dia seguinte? Teve que mandar derrubar uma das arvores.

Todas essas lembranças para contar a vocês que pela primeira vez na vida peguei carona com mãe Leca, que dirigia seu carro novo, já que o possante HB 20 antigo, que ela me emprestou, mais uma vez está na oficina.

Leitores queridos, vocês não imaginam a aventura.  Creio mesmo que as crianças que gastam os dólares dos pais na Disney jamais usufruíram de tantas emoções por um custo tão reduzido. E olha que o carro dela agora é automático. Já na partida eu senti o drama. É que ela ainda não acostumou com a falta da embreagem e usa constantemente o pé esquerdo para pisar no espaço vazio. Isso é o de menos. Mãe Leca é daquelas motoristas que aparentam “amar” o carro, porque dirige com o assento lá na frente, abraçando o volante, percebem?

Mas justiça se faça, é uma motorista cautelosíssima. Senão, como explicar o fato de dirigir numa velocidade máxima de 10 a 15 quilômetros? Quando alguém atrás buzina reclamando, ela baixa o vidro e dá um adeus, pensando se tratar de algum conhecido. E de nada adianta o motorista que buzinou aproveitar o momento da ultrapassagem para xingar; é que mãe Leca sofreu um acidente e só escuta pelo ouvido direito. Para ela os palavrões são elogios. Melhor assim.

Quanto a mim, estou adorando andar a pé. É mais saudável e muitíssimo menos arriscado do que “certas” caronas.