Olha pro céu, meu amor…
Quem já cantou, ouviu, sentiu, simplesmente viveu essa música, que é hino na noite de hoje, no nordeste do Brasil, especialmente na minha Paraíba, no meu recanto Cariri, na minha terra, no meu chão, onde essa declaração de amor é muito maior que a noite, que o balão colorido e iluminado, onde a música encanta o olhar e o terreiro acende a chama do coração?
O esquente da fogueira aqueceu a alma e, durante os tempos vários, foram nas noites juninas, em cenários do Nordeste, que cantei essa música, tendo o céu sido o maior responsável por essas memórias que lhe digo agora.
Era final da década de 70, chegando os anos 80, e nós, que fazíamos parte do grupo de crianças e jovens da Igreja, em Boqueirão, ensaiávamos a apresentação da Quadrilha de São João, na Casa Paroquial, orquestrados pela grande ativista cultural Maura Araújo, e por Pe. José e Pe. Léo.
Eita, tempo que quase não passava… Joelma, Braz, Cristina Maciel, Márcio, e tantos outros colegas, que juntos aproveitamos aqueles dias, olhando pro céu. Quantos sonhos projetados naquelas noites de um São João na cidade do interior.
Década de 80, já ao lado de Ana Cecília, minha companheira, contemplamos, na poesia e melodia: “foi numa noite, igual a essa, que tu me desse, teu coração…”, e, mais tarde, numa noite, lá na fazenda, precisamente em 1990, junto de Carlos Pedro, o primeiro São João com nosso primeiro filho – futuro, sonhos, projetos de uma vida, ali vivenciamos.
Chega a década de 90, e mais um São João onde cantamos a música, dessa vez com a presença de Pedro e agora também de Artur, nosso segundo filho. Era já numa noite do Paque do Povo, com Elba, e novamente renovados os sonhos.
Vida que se renovava, a cada incêndio do coração dito na música – na subida dos balões eram entregues as dúvidas, as agruras, as secas, e, quando sumia do céu, restaurados estávamos para o próximo ano, onde atravessaríamos as estações, seguros de nós.
Anos 2000… “no meio do caminho” havia um São João, na cidade de Alcantil, e nele cantei o amor, com a chegada de minha primeira filha, a terceira dos filhos: Ana Carla. Lembro que o São João ficou ainda mais colorido pelo amor de Ana, a mãe, traduzido em fitas e laços, na roupa da bebê.
Quanta alegria naquele São João… era o amor, e eu imaginando dançar com minha filha uma noite de festa.
Em 2010, chegava mais um São João, onde a vida me ensinava que o passar dos dias me fazia cada vez mais sabedor de meu destino e capitão de minha alma.
Era a luz de um balão, como estrela no céu, que me apresentava Ana Beatriz, minha filha, a quarta. E nós nos dedicamos em festa, para, naquele São João, mostrar a Bia o nosso amor e chamá-la para a dança, daqueles que acreditam que o amor é do tamanho que cada um queira ter.
Chega 2023, precisamente dia 23/06/23… novamente no terreiro da fazenda Mosquito, onde eu e Ana, agora Vovô e Vovó, ao lado de meus pais, Carlos Dunga e Neuza, agora Bizos, tios, primos, sobrinhos, abençoamos Maria Cecília, nossa netinha, filha de Carlos Pedro e Gabi.
Nosso amor se torna quente como fogueira, os olhos marejam, o colorido está em toda a parte: é Deus, é amor, é vida, e cantei no meu coração e na alma, olhando pra cima e pro alto, vi que “O céu estava assim em festa, porque era noite de São João”.
Valeu, meu Deus, até o ano que vem!
Quero novamente cantar: “Olha pro céu, meu amor”…
Dunga Júnior
De um dia de domingo junino, em 25/06/23.