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O SONHO NÃO ACABOU * (Por Gil Sabino)

O SONHO NÃO ACABOU *


Ilustraçao sobre foto de Lennon, com detalhes: The Beatles (esq.) e a capa do album Double Fantasy (diz).

Há exatamente quarenta anos o mundo recebia a notícia da morte de John Lennon. Sim, certamente você já ouviu falar nele, ou cantou a sua mais conhecida canção, Imagine, que traduz o sonho de um mundo imaginário sem inferno, sem violência, sem gula, sem fome, sem religião, sem fronteiras, e todo mundo sendo solidário e vivendo em paz…

Lennon, filho de uma prostituta com um marinheiro, foi o líder da banda inglesa de rock, até então mais famosa do mundo, The Beatles, (1960-1970), formada em Liverpool, por ele, Paul McCartney, George Harisson e Ringo Star. Você certamente também deve conhecer alguns de seus clássicos como Yesterday, Help, Hey Jude, e outros.

Juntos e através de suas músicas Os Beatles revolucionaram o mundo. As guitarras estridentes, o uso de calças jeans, a volta dos cabelos longos da época de Jesus, as experiências transcendentais com drogas, a abertura para as mulheres deixarem de ser apenas gestoras de cozinhas, a luta contra os preconceitos de raça e sexo e tudo o mais, passaram a ganhar força a partir dessa época, que durou uma década, até 1970, quando anunciaram a separação da banda. Nas palavras de Lennon, “O sonho acabou”.

E aqui abro parágrafo para dizer que me sinto privilegiado por ter vivido essa época, esses sonhos dos anos 60, 70, e ainda os sonhos desse novo século acompanhando a evolução dos povos, da filosofia, das religiões, da ciência, da tecnologia, a evolução do ser a caminho da luz…

Pois bem, naquela tarde de 8 de dezembro, havia três dias que um fã o esperava na porta do Edifício Dakota, em frente ao Central Park, de Nova York, para um autógrafo no último álbum recém-lançado por Lennon e sua esposa Yoko Ono, ‘Double Fantasy’. Lennon autografou, simplesmente com a assinatura sem nenhum outro dizer escrito. Mais tarde, quando voltava pra casa, às 10h45min. , o fã, de nome David Chapman, o aguardava ainda na entrada do edifício. Aproximou-se e calmamente falou: – Mr. Lennon! Quando o artista virou-se para atendê-lo, ele sacou de uma arma calibre 38 e disparou cinco tiros fatais.

No dia seguinte, pela manhã, quando todas as rádios do mundo disparavam a tocar as músicas de Lennon, chego à redação do Correio, sento, e ainda impactado, converso com Alberto Arcela, na época editor  do jornal, sobre o fato do que é capaz um fã em desespero, em sua loucura, de chegar ao extremo de por fim à carreira e vida de um dos mais importantes e famosos poetas que o mundo já teve.

Sim. Sem dúvida, Lennon foi o cara que usando uma guitarra e sua música, humildemente revolucionou e ajudou a mudar os padrões de comportamento do mundo no século XX. Inspirado, com preocupações existenciais, Deus, vida, política e, sobretudo a necessidade de pregar a paz e o amor. Então escrevi, contradizendo a frase por ele usada quando do fim da banda The Beatles, um artigo intitulado “O Sonho não Acabou”. Volto a usar o mesmo título, agora, quarenta anos depois, relembrando o valor histórico de Lennon e suas propostas de vida para um mundo melhor.

Como diz a própria letra de Imagine“você pode dizer que estou sonhando/ mas não sou o único, não/ espero que um dia você se junte a nós/ e o mundo será uma coisa só”. O Sonho da paz e do amor nunca acaba.

 

Para meus filhos (as) Lu, Leilah Luahnda, André Cordeiro, Juninho e Júlia Sabino, minha mãe Mariinha, e minha amada Mari Galdino, e meus amigos Walter Santos, Alberto Arcela e Wilson Souto Júnior, com imenso carinho e amor.