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           O Papa Leão XIV, bem além de midiático  (Damião Ramos Cavalcanti)

 

         

 

           Escrevi crônica em cima do assunto, logo após ter desaparecido a fumaça branca, com o aparecimento do Cardeal Prevost, vestido de branco, e com sinais, em palavras de que seguiria os passos do amado Papa Francisco, mas com outros sinais que não se distinguiriam dos hábitos seculares da Igreja, definindo-o mais como um “moderado progressista”. Discursou em italiano e em espanhol, rezou em latim, mas deixou para outras oportunidades a língua que aprendeu desde o berço de imigrantes no solo americano. Naquele dia, enganou a cúria conservadora com sapatos, anel e cruzes de ouro, coberto de vestes talares, paramentos vermelhos, mas no seu intelecto e no seu coração agostinianos, estavam as ideias declaratórias de paz contra armas e guerras, e para isso de justiça social e de uma maior distribuição de riqueza a muitos, ao contrário do rio corrente concentrador do enriquecimento de poucos.
          A crônica anterior se intitulava O Papa Leão I, Leão XIII e o midiático Leão XIV, historiando o séquito leonino dos pontífices dinâmicos e progressistas, como sendo a razão do cardeal Prevost ter escolhido seu nome. Mas, amplamente lido, o texto obteve comentários preciosos que o compreenderam e lhe acrescentaram outros detalhes para completarem a fisionomia simples e simpática, de largo sorriso e braços abertos, como assim deve ser a postura da Igreja, “construtora de pontes” de entendimento entre as nações.
          Dentre tais comentários, ressalto o da competente doutora em Ciências Sociais Maria Antonia Alonso de Andrade , que foi em cima do encoberto: “Não é o hábito que faz o monge”. Os conservadores devem ter mordido a isca… Ainda se acrescenta que temos um Papa norte-americano, mas que escolheu o interior peruano e a convivência com os nativos, para receber deles lições de humildade e identificação com os pobres, e mesmo objetando práticas antidemocráticas naquele país, concederam-lhe nacionalidade peruana. 

          A cheia agenda papal teve tempo de gravar mensagem à abertura do II Encontro Sinodal de Reitores das Universidades Católicas, no Rio de Janeiro, em homenagem ao documento pontifício Laudato si, do Papa Francisco, exortando-os que façam parte da preparação da COP30, que, com propriedade, tratará do discernimento entre a dívida pública e a dívida ecológica. Espera o Papa que essa educação universitária se amplie. Por fim, Leão XIV estimulou os magníficos: “Animo-os a continuar construindo pontes”. Tais sementes foram lançadas às Instituições de Ensino Superior da América Latina, em congresso organizado com apoio da Pontifícia Comissão para América Latina, da qual o então Robert Prevost, hoje Papa, foi presidente, com o intuito de “organizar esperança”.   

          O Papa não é só midiático, ele não sai do ar, de repente, em comunicação com todas as nações, abordando atuais preocupações do mundo, da liberdade de jornalistas presos às mortes de crianças e adultos palestinos, e ainda à injustiça que lhes é imposta de não receberem comida que lhes é dada, como digna ajuda humanitária. Depois desse apelo, apenas três carretas entraram em Gaza, mas com a proibição de o alimento ser distribuído à população, vitimada por bombardeios, em que se veem mortes de crianças e de seus pais palestinos… Sobre tais angústias, o Papa sofre e nos dirige palavras como as de Cristo: “Quem fizer mal a uma dessas crianças, melhor seria que lhe pendurassem ao pescoço uma pedra de moinho e fosse atirado nas profundezas do mar”.   

 

Damião Ramos Cavalcanti

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