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Blog do Vavá da Luz

O ÓDIO DEPOIS DO AMOR ( Prof. Marcos Bacalháo )

 

Dizem que o amor vem do coração, mas e o ódio?

Certamente o ódio pode surgir de sentimentos positivos, como o amor romântico ─ na figura de um ex-parceiro ou rival em potencial.

Antes de mais nada, o ódio não passa de um mal-entendido. É igualado a coisas que não é. O ódio tem sido qualificado como o mais tenebroso mal, a tal ponto que se tornou o assunto mais temido: discuti-lo está no auge do politicamente incorreto.

Você está certo: a maior parte do ódio é errado — mas isso é porque o ódio atualmente é expresso pela violação dos direitos civis, religiosos ou de propriedade de outros.

Ódio é a palavra genérica, e implica que alguém está inflamado com extrema antipatia. Abominamos aquilo que é profundamente repugnante à nossa sensibilidade ou sentimentos. Detestamos tão totalmente aquilo que contradiz nossos princípios e sentimentos morais e religiosos que sentimo-nos propensos a levantar nossa voz contra isso. O que abominamos causa igual violência a nossos sentimentos morais e religiosos. O que detestamos é ofensivo à nossa própria natureza, e provoca pura aversão.

 

A moeda é a mesma: intensa, valiosa, disputada, perigosa. De um lado dela, o amor desmedido, apegado, arrebatado e cheio de expectativas. Do outro, o ódio, a decepção, a incompreensão. Às vezes, basta muito pouco para as faces girarem e, o que antes era felicidade e realização, se transforma em rancor, num sentimento amargo e mal resolvido, que prende ao passado. Entre traições, mentiras e ilusões alimentadas, nenhum final pode ser tão infeliz para um amor do que vertê-lo em ódio.

 

O amor incompreendido ou não correspondido também pode virar uma ferida, que vai se Diz a psicóloga Margareth Labate que o ódio é a expressão negativa do amor. “São, de certa maneira, muito parecidos, faces da mesma moeda, porque se nutrem da existência do outro”, comenta. abrindo até tornar-se difícil de cicatrizar.

Despir o amor de sacrifícios é a melhor forma de mantê-lo longe de cobranças negativas e, conseqüentemente, de expectativas exageradas e prováveis decepções. “É preciso resgatar o essencial desse sentimento que é a incondicionalidade. É dar o amor sem quantificá-lo para transformá-lo em dívida, imaginando o que virá em troca de tal esforço. 

É claro que decepções, mentiras e traições são coisas amargas e justificam perfeitamente o surgimento de sentimentos negativos. Mas, nutri-los, não leva a absolutamente nada. 

 

O amor está mais perto do ódio do que a gente geralmente supõe. São o verso e o reverso da mesma moeda de paixão. O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença…

Érico Veríssimo