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O Natal dos pirangueiros. (Marcos Pires)

 

O Natal dos pirangueiros.

      Meus amigos, a época de vaca desconhecer bezerro já ficou para trás faz tempo. A situação agora piorou bastante. Acho que já estamos embaixo do fundo do poço. O que se ouve por aí é o povo aproveitando essa pandemia Covid para justificar todas as suas mesquinharias. É mais ou menos como quando o governo Collor fechou o Banco do Estado da Paraíba. Todo mundo usava essa desculpa para não pagar a quem devia. Até que um credor mais esperto propôs ao xexeiro:”- Tá tudo bem, você diz que não me paga porque teu dinheiro está bloqueado lá no Paraiban. Eu sou até capaz de acreditar se você me mostrar uma única folha de seu talão de cheque do banco”. Não tinha, né?

      No imenso universo dos frequentadores do bar Convivo, o Instituto DataLeca de pesquisas aplicou um questionário verbal para mensurar como serão as festividades de natal dos paraibanos sob o efeito Covid. Impressionante como foram unanimes em dizer que ficarão em casa consumindo uma pequena ceia de natal (o que representa grande economia) porém uma alegria maior ainda porque os parentes chatos esse ano não vão aparecer por lá (mais um ponto para o distanciamento Covid). Destaque para a felicidade de não terem em casa aquele tio beberrão que sempre constrange todo mundo e termina vomitando no sofá. Outra grande economia será realizada ao não darem presentes físicos com um inventado medo de contágio. Serão somente presentes virtuais, no caso muitos abraços e beijos. Para decorarem as arvores de natal pouparam a compra das bolas e enfeites coloridos, optando por pendurarem mascaras (alguns goelas inclusive pensam em utilizar mascaras já usadas, fazendo maior economia, mas mentido ao dizerem que é para dar maior autenticidade).Sabem aquela infame instalação de luzinhas que todo ano passamos horas para desembaraçar? Serão substituídas por frasquinhos secos do álcool em gel que já usaram. As madames aproveitaram a desculpa Covid e não vão gastar grana com maquiagens caras porque estarão usando máscaras. Aquela vizinha garapeira que todo ano se imprensava na ceia da família vai dançar neste natal. Bem feito, se não apareceu durante todo esse tempo não seria agora que chegaria, né?

      Sobrou até para as crianças. Ouvida pela pesquisadora, a mãe tratou de convencer o filhinho que Papai Noel não irá aparecer este ano porque é velhinho e está no grupo de risco Covid, sem poder sair da Lapônia em seu trenó.

      Mesmo assim, queridos leitores, vamos gastar esperança a mais não poder. Que Deus nos dê o privilégio de continuarmos vivendo bem, em paz e com saúde.

      Feliz Natal, ho, ho, ho!