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O Maior São João do Mundo (Thomas Bruno Oliveira)

Parque do Povo em 1986, Cartão postal

“Grande festa nordestina Forró a cada segundo Vamos fazer em Campina O maior São João do Mundo” (Ronaldo Cunha Lima em 1983)

 

O MAIOR FESTEJO JUNINO do planeta está completando 40 anos, o ‘Maior São João do Mundo’ é realizado durante 31 dias (esse ano, em 32!) e transforma a cidade de Campina Grande, no interior da Paraíba, em um dos maiores destinos turísticos de todo o país.

 

No dia 1 de junho aconteceu a abertura do evento no palco principal do Parque do Povo com o tradicional e bonito show pirotécnico ao som de “olha pro céu meu amor, vê como ele está lindo, olha pr’aquele balão multicor, como no céu vai sumindo”. A noite ficou marcada pela apresentação de Biliu de Campina e também contou com Alcymar Monteiro e um dueto composto por Chico César e Geraldo Azevedo, tendo a participação de Juliette. Um duelo de violões magnífico!

 

Show de abertura no palco principal – Codecom

 

Campina Grande sempre comemorou os festejos juninos desde tempos imemoriais e certa vez o Rei do Baião Luiz Gonzaga afirmou em entrevista: “o forró nasceu em Campina Grande!”. O ano era 1983; em pleno mês de junho, Campina Grande organizou o “Maior São João do Mundo”, uma festa onde a proposta foi organizar 30 dias seguidos de festejos, algo inusitado e fora dos padrões, apesar do São João na cidade já ser forte desde a década de 1970. Antes disso, Campina já realizava movimentadas festas juninas em lugares como a antiga Rua da Floresta (hoje João Lourenço Porto), a Vila do Sesc, o Clube dos Caçadores, Ypiranga, Gresse, o Campinense Clube e na área que seria construído o Parque do Povo, onde um grande palhoção (que originou a pirâmide) reunia populares para os festejos juninos em fins da década de 1970 e início dos anos 80. Havia inclusive um desfile de carroças ornamentadas puxadas por burros, que divertiam a população, uma atração a mais. O próprio Presidente da República João Figueiredo foi recebido pelo então prefeito Enivaldo Ribeiro em plena Praça da Bandeira com uma grande e animada quadrilha junina.

 

O Palhoção bem nas proximidades do que hoje é a Pirâmide, o forródromo – RHCG

Na área em que foi construído o Parque do Povo, existia uma comunidade pobre e um terreno “rural” conhecido como os ‘Coqueiros de Zé Rodrigues’. Em fins da década de 1970, o Prefeito Enivaldo iniciou a desapropriação desta área com o intuito de transformá-la em um espaço de lazer e convivência. Assim, Enivaldo constrói o Centro Cultural e urbaniza o lugar, dando início ao que anos após seria o Parque do Povo.

 

“Que esse meu gesto marque/ o nascer de um tempo novo/ o povo pediu um parque/ Eu fiz o Parque do Povo”, com esses versos, o Prefeito e Poeta Ronaldo Cunha Lima (que sucedeu Enivaldo) inaugurou o cenário d’O Maior São João do Mundo, o Parque do Povo em 1986, o epicentro desta gigantesca festa que a cada ano que passa se consolida como o coração dos festejos juninos no nordeste. O período é tão importante que é responsável por uma arrecadação bem superior ao mês de dezembro, segundo a CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas) e a Associação Comercial e Empresarial de Campina Grande. Para a Associação de barraqueiros e restaurantes, a festa deveria durar 60 dias.

 

Ronaldo nos braços do povo – RHCG

Com o passar dos anos, diversos espaços foram integrados à festa, numa perspectiva de ter o que oferecer ao turista festejos por todo o dia. Os clubes da cidade realizam concorridas festas como o Spazzio e Vila Forró, trazendo atrações renomadas em nível nacional; restaurantes (como o Bar do Cuscuz e Espetão) também são espaços bem concorridos, os shoppings promovem festas em suas praças de alimentação; há a organização de quadrilhas juninas e pavilhões em diversos bairros; restaurantes localizados em fazendas nos arredores de Campina também promovem festas como o ‘Rancho do Cajú’, ‘Morada da Pedra’, ‘Casa de Compadre’, ‘Parque das Pedras’ (dentre outros) além de estruturas que compõem a própria edilidade como o Museu do Algodão, o Centro Cultural, o Teatro Municipal e a Vila do Artesão. Há também a Vila Sítio São João, um imenso complexo cenográfico que nos leva a vida no interior de muitas décadas passadas, gestadas com esmero pelo amigo ativista cultural e cenógrafo João Dantas.

 

Campina é isso, o Maior São João é um espetáculo que transcende a própria festa e o povo se (co)move e resignifica tudo, adaptando-se a seu modo os novos tempos, sem jamais esquecer as tradições.

 

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