“ O PRESIDENTE irá pautar a alteração na lei da ficha limpa”. -“o presidente da Câmara vai pautar a anistia dos condenados pelos atentados à democracia”.
As manchetes pipocavam nos meios de comunicação na semana da posse do novo presidente, o paraibano Hugo Mota, do Progressistas.
Lembrei da parábola do “Bode na Sala”. Reza a lenda que em uma caverna no alto de uma montanha, cercada por um densa floresta habitava um ermitão, considerado muito sábio.
Vez ou outra recebia a visita de camponeses de uma aldeia não muito próxima que em troca de conselhos lhes entregava alimentos.
Um certo dia um aldeão o procurou meio que desesperado: “- monge, minha vida vai muito mal. Em casa é só confusão. Minha esposa implica comigo o tempo todo e nossos filhos vivem em guerra”
O sábio ouviu atentamente as irresignações do camponês e o indagou: – “tem alguma coisa que você goste muito?”. O camponês pensou um pouco e respondeu: – “sim, meu bode. ‘-quando voltar, coloque seu bode dentro da sala e deixe-o morando dentro de casa”, orientou o monge.
Mesmo sem entender as razões daquela orientação esdrúxula, o camponês fez o que o sábio sugeriu. Uma semana depois retornou à caverna do monge”. ” – meu desespero aumentou, se antes a casa estava um desencontro só, agora virou um inferno. O bode tornou a vida dentro de casa insuportável”.
O erudito refletiu um pouco, olhou o camponês nos olhos e disse. -“ora de tirar o bode da sala”.
Na realidade colocar o “bode na sala” é uma estratégia de negociação. A Tática do Bode na Sala consiste em criar uma dificuldade extra na negociação, de modo que os outros pontos negociados sejam considerados fáceis quando essa dificuldade for retirada. É o que popularmente sempre se ouve: “-está criando dificuldades para vender facilidades”.
Não há dúvidas que as decisões do Supremo Tribunal Federal – STF, do ministro Flávio Dino, em relação às verbas do famigerado “orçamento secreto” , mexeram com os interesses dos parlamentares no Congresso Nacional.
Inteligentemente, não é a toa que chegou ao segundo cargo mais importante da República com apenas 35 anos, o presidente da Câmara vai colocando os “bodes na sala” do governo através de pautas bombas anunciadas na imprensa por meio de notícias plantadas nos grandes meios de comunicação.
Vai aprovar a anistia dos condenados pelos ataques do 8 de janeiro? Pouco provável. As chances de uma derrota na votação são muitas e, mesmo que vença, sabe que terá o STF no seu calo. E quanto à lei da ficha limpa? Outro engodo. Jamais irá colocar sua digital diretamente em algo cujo principal beneficiário é o principal opositor de Lula, no caso Bolsonaro, que se encontra atualmente inelegível.
Então o que pretende? Simples, quer apenas garantir o retorno do “orçamento secreto” na forma desenhado à época do governo Bolsonaro, sem qualquer tipo de amarras ou transparência e, assim, seguir em passos largos rumo a um Parlamentarismo de fachada no Brasil.