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   Nomes, times e conjuntos de jogadores (Damião Ramos Cavalcanti)

          Li em A União, de domingo passado, que se cogita a mudança do nome do maior time da nossa capital. A pergunta insinuava uma resposta: “Botafogo ou Belo FC”? Contudo ousei  indagar a um apaixonado do tal clube: Belo por quê? Pois considero que belo não seria adequado a um time de futebol, porque ver-se-ia beleza nas torcedoras, e muito menos na maioria dos jogadores… Talvez algum adjetivo ou substantivo relativo a peleja, a luta, a vitória ou a glória, que caracterize o objetivo pelo qual joga o conjunto dos seus jogadores. Aliás, isso se acha na Teoria dos Conjuntos, que define o conjunto como a reunião de elementos de qualidades e características iguais ou semelhantes, que os diferenciam de outros elementos, já possíveis em outro conjunto e diferentemente denominado. A uma reunião de limões, denomina-se “conjunto de limões”, jamais conjunto de pitombas. Um time de futebol é um conjunto, que representa uma instituição, uma escola, uma comunidade, um bairro ou uma cidade, denominado pelos nomes desses representados. 
          Historia-se que um fanático torcedor do Botafogo do Rio de Janeiro colocou esse nome no time de João Pessoa, trazendo-nos, de lá para cá, camisas, calções, “meiões”, cores e tudo, para vestirem nosso time, na Paraíba. Ora, o Botafogo de Futebol e Regatas se originou, em 1942, na Zona Sul do Rio de Janeiro, em razão de ser um time no bairro carioca, Botafogo. Tal time não se chamaria de denominações paraibanas. Nessa conformidade, intitularam o Flamengo, do bairro do Flamengo; o Olaria, do Olaria; o Madureira, do Madureira, e, naturalmente, os moradores de Bangu, torcendo pelo seu time, Bangu Atlético Clube. Porém, pasmem! Em Buenos Aires, antes município de Jacu, perto do Recife, digladiam-se dois times: Boca Júnior e River Plate, homônimos aos da Argentina.  

           Vivi dez anos, na Europa, acompanhando campeonatos, cujos times tinham o nome das suas cidades: Roma, Napoli, Cagliari, Torino, Milano, Udinese de Udine, Paris Saint-Germain, Lion, Düsseldorf, München, Kiev, Liverpool, Chelsea ou Manchester City. Esses times, por isso, têm em cada habitante motivação de ser torcedor e contribuinte para sua Squadra. Sem serem na Europa, não deixo de citar o maravilhoso exemplo que nos dão o Sousa, da cidade sorriso de Sousa e o Campinense, de Campina Grande… Já na minha cidade natal, Pilar, seu time se chama Modena, nome trazido pelo italiano frei Francisco Antonio Maria de Módena… E outra equipe chamada Santos, imitação vinda de São Paulo, onde existem o Santos de Pelé, e o São Paulo, de Raí. Chamar o time pelo nome onde moram os torcedores, além de motivá-los, congrega a torcida para torcer, gritando o nome do seu bairro, da sua cidade.  
          Em João Pessoa, havia o Estrela do Mar, em Jaguaribe, campeão em 1959, criado pelos franciscanos, da Igreja do Rosário. Como também o Esporte Clube União, fundado por Manuel Costeira, gráfico do nosso único jornal A União, em que jogou, no infantil, Milton Marques. Também meu amigo no Seminário, Orlando de Solânea, igual ao ex-seminarista Erandy Montenegro, de Bananeiras, no Santa Cruz de Recife, com passagens pelo Campinense, Ceará, Fortaleza, ABC, América e Alecrim. Mas o melhor no Seminário, dentre nós, foi Salomão que brilhou no Naútico como tetracampeão, em Recife; e no Sul, no Vasco, e no Santos, ao lado de Pelé.  
          Aqui, está de pé  o Auto Esporte, fundado em 1936, cujo grande torcedor era meu compadre, o médico Evandro Cezar, além de  muitos taxistas. Na cidade, há belos nomes de  bairros litorâneos: ManaíraTambaú Cabo Branco, e ainda Tabajara, etnia nativa na Paraíba. Que tal o nome carioca do Botafogo se tornar mais nosso como Cabo Branco ou Tambaú Esporte Clube?

Damião Ramos Cavalcanti

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