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No dia que a cachaça virou água

Por Gilberto Carneiro

O bar do Pimba era o ponto estratégico da feira do domingo. Reunia todos os cachaceiros da região. Sua prateleira era sortida, do piso até o teto. Mas sempre me encabulou o freguês ficar restrito as cachaças do piso até metade da grande prateleira, de baixo para cima. Não havia quem convencesse o Pimba fornecer uma dose das garrafas envelhecidas pelo tempo e adornadas por teias de aranha a partir da demarcação que ele fazia na prateleira.
Até que um dia resolvi infringir aquela regra. Sem que o Pimba percebesse subi pela escada e peguei uma garrafa da última divisória da prateleira e servi no copo. A cena está na minha cabeça até hoje. Ao perceber o que eu tinha feito o Pimba, da outra ponta do balcão, saltou desesperado tentando impedir que a minha goela degustasse aquilo que seria nada menos do que … ÁGUA.
Percebendo que descobri o seu segredo, o Pimba chegou no meu ouvido e falou. “Se você falar pra alguém que da metade pra cima da prateleira as garrafas de cachaça estão cheias de água eu lhe mato”

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