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Blog do Vavá da Luz

MOMENTOS FELIZES (MARCOS SOUTO MAIOR (*)

MARCOS

                               Engraçado que, enquanto criança, a gente desejava que o tempo passasse logo para se nivelar pelos irmãos mais velhos, pais, tios e avós os quais circulavam mundo a fora, sem que ninguém reparasse aonde foram e muito menos o porquê da saída. Verdadeiramente, seria uma espécie de liberdade sem limites onde a curiosidade, a novidade e a satisfação se espalhavam pelo vento estimulando pelo olfato na pura vontade de comer, o exemplo proibido da maçã vermelha de Eva, dos tempos primórdios, que custou caro a todos! A mocidade sempre desdenha e brinca com o passar do tempo defronte dos ponteiros do relógio, relaxando tudo que aparecer em suas vistas, até os limites palpáveis das ciladas da vida. Sim, porque nem todos os sentimentos vivenciados são felizes, e as adversidades bem que agem rápido, a exemplo de uma feroz colônia de bactérias destruidoras do organismo e seus sentimentos.

                               Ninguém nasce só com raízes esperançosas e ricas, com sensação de felicidade para fazer de conta, ter conseguido seu lugar imaginário de viver leve o bastante, saindo catando  a todo custo, pelas ruas sombrias da noite, no resto de lixo podre das novas razões e propósitos de viver. A pressa irresponsável e ingrata de passagem do tempo, faz encolher os segundos de cada minuto evaporar-se pelo tempo perdido da inoperância. Na velocidade que não se percebe, restaram os momentos felizes para serem guardados a sete chaves, dentro do cofre seguro da memória do cérebro desgastado deixando o que era futuro, passar a ser passado e nada mais… O lugar mágico imaginado quando ainda jovem, cedia lugar a aspereza cotidiana conduzida pela a voz tridente de Nilton Cesar cantando para os jovens de outrora: “Espera um pouco, um pouquinho mais, prá que te mostro a felicidade”. E valeu a pena…

                               De tudo, apenas ficaram os poucos momentos alegres para contrapor-se com a infantilidade de outrora, onde todos eram obrigados de carregar, em suas próprias costas doídas, os pesados sacos da mais pura saudade marcados dentro do coração, pelo amor eterno de quem gostamos. Do padre Fábio de Melo segue a lição dedicada aos amigos da vida: “Costumamos dizer que amigos de verdade são os que estão ao seu lado em momentos difíceis… Mas não! Amigos verdadeiros são os que suportam tua felicidade! Porque em um momento difícil qualquer um se aproxima de você. Mas o seu inimigo jamais suportaria sua felicidade!”

                                                                                               (*) Advogado e desembargador aposentado