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Blog do Vavá da Luz

              Minha melhor lembrança (      Marcos Pires )

Marcos Pires

Minha melhor lembrança

Já contei que eu e Mãe Leca começamos a vida de maratonistas por acaso. Estávamos numa agencia de viagens há uns dez anos quando ouvimos alguém ao lado falar de uma viagem a Paris com passagens aéreas e traslados, 7 noites em hotel 5 estrelas, passeios e refeições por apenas 4 mil reais. Na semana seguinte embarcamos em um voo fretado repleto de maratonistas brasileiros e passamos 6 dias no vinho e nos patês. No último dia fomos ver a largada da tal Maratona de Paris com as roupas que ganháramos para a ocasião. 30 mil corredores no Arco do Triunfo nos fizeram crer que éramos atletas, e disparamos com toda velocidade… até a segunda esquina, onde paramos mortos de cansaço. Enquanto os maratonistas seguiam, tomamos um taxi e fomos assistir à missa na Medalha Milagrosa. Ao final, a surpresa. Quando devolvemos os chips que pendiam de nossos pés, ganhamos medalhas de participação.

    Mãe Leca dedicou-se ao esporte, enquanto eu apenas acompanhava e conhecia o Brasil e o mundo a custo quase zero, fazendo excelentes amizades. Entre tantas aventuras lembro que numa corrida São Silvestre eu larguei na avenida Paulista e logo que dobrei a Consolação entrei no taxi de Genival, que me deixou no ultimo quilometro da prova, já na subida da Brigadeiro. Acontece que Genival correu demais e quando eu furei a multidão para reentrar na prova, fiquei ao lado de um daqueles quenianos que sempre ganham as Maratonas.

Dali pra frente criei vergonha na cara e comecei a correr de verdade, mas a fama dos atalhos ficou, para imensa alegria minha. Cheguei mesmo a inventar histórias, como alugar o pé esquerdo dos grandes corredores e ali colocar meu chip para ter um tempo de campeão.

Na verdade contratei um grupo fantástico – assessoria ZK, Evaldo (personal), Juliana (pilates), Marcio (osteopata), Gisele(nutri) e ultimamente Andrigo (magico) e treino sem que ninguém veja, para manter a fama de mau corredor. Morro de rir quando alguém inocentemente me pergunta sobre o assunto. Como eu poderia usar um taxi para completar uma prova no aterro do Flamengo, por exemplo, onde não circulam veículos durante as provas? Mas continuo inventando; a mais nova é dizer que amarro meus chips em drones durante as corridas.

O melhor que é emagreci 30 quilos, a pressão desceu de 16 para 12 e durmo bem mesmo quando estou liso e devendo.

No entanto, minha melhor lembrança das corridas será sempre aquele dia em que corri emparelhado com um queniano. Por dois passos apenas, é bem verdade. Mas corri.