No início da semana fui ser gentil com um casal que vinha na direção oposta em nossa caminhada matinal da beira mar e ao me afastar topei. Fui ao chão em câmera lenta. Digo isso porque tive tempo suficiente de imaginar que a minha cabeça iria de encontro ao meio fio e consegui desviar a pancada colocando a mão no asfalto. Deu certo… em termos, porque estou com a mão imobilizada por algum tempo para avaliar a necessidade de uma cirurgia.
Até aqui este escrito não tem nada demais. Só que vou contar para vocês o que vi enquanto perambulava por hospitais e é terrível. Por isso fui pesquisar e descobri que mais de 70% das internações consequentes de traumas decorrem de acidentes com motocicletas. É altíssimo o percentual de vitimas desses acidentes que adquirem sequelas permanentes, inabilitando esse contingente para o trabalho, o que por óbvio os coloca à custa da previdência social.
Seria cruel dizer que por conta da irresponsabilidade de alguns, todos nós pagaremos para mantê-los pelo resto da vida. Não trato disso, porém impressiona que a inconsequência de alguns condutores de moto, noves fora o alto custo para os cofres públicos (leia-se nossos impostos) não prejudica somente a eles, mas reflete-se na utilização dos referidos recursos públicos (mais uma vez, nossos impostos) que bem poderiam ser canalizados para proveito do resto da população, a grande maioria dos brasileiros.
É dizer que se não houvessem tantos acidentes de motocicletas o sistema de saúde poderia dispor de mais recursos e prestar um serviço melhor a toda a população, ao invés de concentrar grande parcela da grana nesse segmento.
Volto ao meu caso. Dona Creusa Pires tinha orgulho em dizer que se morresse no meio da rua seria facilmente reconhecida. Eu brincava com ela dizendo que não via nenhuma vantagem em morrer no meio da rua. Após o acidente que sofri captei a mensagem da divina mestra. Foi enorme o numero de pessoas tentando me ajudar naquela hora e emocionante a quantidade de mensagens que recebi. E olha que nem morri ainda. Como diria o meu amigo Balbino, garçom do restaurante W: “- Doutor Marcos, quando o senhor morrer seu enterro vai ser arretado!”.
Balbino está me esperando no céu. Porém sem pressa, amigo, sem pressa.