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Blog do Vavá da Luz

Marcos Pires             ( Um casamento real.)

Marcos Pires

             Um casamento real.

  

Aproveitei nossa viagem para as maratonas de Lisboa e Amsterdam e no caminho ficamos uns dias em Londres. Mãe Leca exigiu que fossemos conhecer a Abadia de Westminster, onde casam os príncipes e reis da Inglaterra, na certeza de que algum espirito das antigas cerimonialistas reais baixasse e ajudasse a preparar as bodas de Vanessa aqui na Paraíba. Pois bem, casadoiros leitores, naquele momento magico eu fiquei imaginando o casamento de um membro da família real inglesa com uma brasileira.

Muito dificilmente a cerimonia correria a contento. É que essa nossa maneira, digamos, informal, não combina com a realeza. Imaginem os noivos no altar, logo depois do sim, ouvir-se o grito do irmão da noiva que estava entre os padrinhos: “- Aí, irmanzinha, mandou bem, hem? Nunca mais vai ver um boleto de pagamento”.

E na festa, imaginar o mordomo real curvar-se cerimoniosamente ante a Rainha e solenemente dizer: “- Peço seu perdão, Majestade, mas encontra-se às portas do Castelo de Windsor um…, como direi, plebeu brasileiro, que diz ser parente da noiva e pede acesso às bodas. Trata-se de um certo Warnilson, acompanhado de uma senhora obesíssima, bem assim 4 crianças que, se me permite Vossa Majestade, com certeza causarão grande alvoroço se vierem à festa”.

Há um costume nos casamentos brasileiros dos convidados já embriagados cortarem pedaços da gravata do noivo e dar uma grana para ajudar na lua de mel. Fiquei imaginando a turma de amigos da noiva dirigindo-se ao príncipe herdeiro com uma tesoura em punho, estraçalhando a gravata de 5 mil libras do herdeiro e enfiando em seu bolso notas de 2 e 5 reais.

Quanto ao bufê real, prenhe de salmão, caviar e haddock, as reclamações seriam terríveis: “- Olhaí, olhaí; cadê os pasteis de carne com açúcar?”; “-Não, minha amiga, nem filhoses eu vi por aqui”. “- Ei, garçom, cadê minha dose? Tá com a piula, nem o pagamento da malária atrasa tanto”.

Mas as reclamações maiores seriam com relação à falta daquelas sandálias personalizadas que são distribuídas para as mulheres: “- Sinceramente, eu vou voltar para o Brasil sem uma lembrancinha? Será que dava para colocar na bolsa esse talher pesado com o “embrema” da família do noivo, hem?”.

Não ousei pensar naquela turma que leva pedaços do bolo para casa.

 

Att,

Pires Bezerra Advocacia