Pular para o conteúdo

Blog do Vavá da Luz

Marcos Pires                  (No meu tempo)

Marcos Pires

No meu tempo

A certeza de que estou ficando velho me chegou com força no sábado passado, quando fui ao aniversário de 15 anos do meu neto Pedro e ouvi as conversas dos amigos dele.

Como eram diferentes nossas diversões. Um exemplo simples; assistir filmes. Hoje em dia eles se limitam a ver o filme e comentar depois. No meu tempo não era assim, havia muita “interação”.

Lembro que minha turma do bairro do Miramar marcou no cine Rex para assistirmos um filme de Maciste. Para os mais novos, vale dizer que era um personagem superforte que sozinho resolvia qualquer parada. Lembrava esse Conan, o bárbaro. Pois bem, nosso amigo Neno Rabelo antecipou-se e assistiu à primeira sessão, de modo que quando chegamos ele já sabia de toda a história.

Como sempre, quando apareceu na tela a propaganda da Condor filmes, todo o cinema gritou xô ou assoviou até que o pássaro símbolo da empresa exibidora voasse da imagem. Era uma praxe. Em seguida o silencio total, enquanto Maciste enfrentava e derrotava dezenas de inimigos, até que caiu numa armadilha e conseguiram prender nosso herói numa cela. Maciste esperou anoitecer, quebrou as pesadas correntes que o amarravam a uma coluna, entortou as barras da grade e seguiu pelo corredor sem fazer qualquer barulho para não acordar os guardas. Naquele silêncio angustiante ouviu-se a voz de Neno: “- Ei, Maciste!”. Pois não é que o ator parou, olhou para trás (ou seja, para Neno, na plateia) e logo depois voltou a correr para a liberdade? Neno ficou famoso com essa sacada. Isso sim era interagir.

Claro que existiam outras formas de “interação”. Lembro que fui com meu primo Juca assistir um filme no cine Santo Antônio, em Jaguaribe, onde ele morava. Estranhei porque quando entramos no cinema, ao invés de irmos para as primeiras filas do térreo, meu primo e sua turma fizeram questão de sentar no primeiro andar. Notei que um deles levava um saco que os demais arrodeavam para disfarçar. Mas conhecedor do “animo” daquela turma da Vila dos Motoristas, fiquei na minha. Pois não é que no meio do filme eles abriram o saco e arremessaram uma galinha que saiu planando e cacarejando sobre o pessoal lá embaixo?

Sinceramente não entendi porque minha nora mais linda e querida do mundo pediu para que eu não contasse mais histórias do meu tempo ao meu neto e seus amigos. Logo quando eu ia contar sobre Carlos Carreiro, Juca Buranha e outros saudosos amigos.

 

 

 

Att,

Pires Bezerra Advocacia