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Blog do Vavá da Luz

 Marcos Pires                   (Mau hálito)

 Marcos Pires

                  Mau hálito

 

Ibrahim Sued dizia que a inveja é o mau hálito da alma. É por aí. Sei que os “privilegiados” com esse problema não tem consciência de sua situação e os amigos tem vergonha de avisar. Dizem que chifre é igual a mau hálito, quem tem não sabe. Se sabem, eu acho que eles pensam que são atores e atrizes, desses que quando acordam já começam a se beijar e conversar antes de escovar os dentes. Porque só no cinema mesmo, viu?

No dia a dia esse pessoal do mau hálito perturba demais. Eles sempre tem muita coisa pra dizer. E êita povinho para gostar de contar um segredo ou desabafar. Vira e mexe eles encostam aquela boca temida em nossos rostos para falar. Pior são aqueles que além do mau hálito soltam perdigotos. Aí é o pacote completo.

Lembro do meu herói Chaves num antigo programa de televisão, quando seu Barrigas lhe disse que sua boca era um tumulo. “- Ah, então é por isso que ela fede tanto”.

Quando eu morei no Rio de Janeiro comecei um namoro com uma colega da PUC que era linda, bem-feita pra caramba, mas tinha mau hálito. Eu estava apaixonado mas preferia namorar por telefone, se é que vocês me entendem. O pior é que com certeza ela não sabia que tinha aquele problema, senão como explicar a mania de só falar bem pertinho do meu nariz? Era muito sofrimento, mas não ia perder aquela gata e decidi conversar com ela sobre o seu problema. Meio sem jeito, puxei o assunto para o lado, digamos, cientifico. Sem ter nem pra que, num daqueles momentos de silencio entre o casal, perguntei inocentemente a ela se alguém poderia adquirir mau hálito somente por beijar uma pessoa que tivesse aquela catinguinha bucal. Ela encrespou: “- Mas como você é idiota. Claro que não. Aliás, por falar nisso, queria te fazer uma pergunta bem pessoal, posso?”.

Pronto, leitores, naquele momento eu achei que havia alcançado meu objetivo. Minha bela fedorenta iria perguntar se ela tinha mau hálito. Qual o quê! Olha só o que ela perguntou: “- Você é homem mesmo? Te acho tão bacana, mas noto que você resiste muito a me beijar na boca. Se você for fresco (gay só foi inventado muito tempo depois) poderemos ser excelentes amigos, sem problemas”.

É por essas e outras que às vezes as grandes histórias de amor deixam de acontecer.

 

 

Att,

Pires Bezerra Advocacia