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GONZAGA RODRIGUES – O MESTRE DA CRÔNICA PARAIBANA (Rui Leitão)

 

O refinamento e o estilo inconfundível dos textos de Gonzaga Rodrigues fazem com que seja considerado o melhor escritor do nosso tempo na Paraíba. Nos seus 90 anos de vida tem nos presenteado trabalhos literários que abordam temas que vivenciamos no cotidiano, elaborados numa linguagem que nos diz tudo que precisamos saber. Sem excentricidades, mas de forma apaixonada pela mensagem que pretende colocar na expressão do seu pensamento, ele nos apresenta fatos e situações da vida real que nos convoca à reflexão.

Como observador do tempo, Gonzaga se aprofunda além dos olhares dos comuns, dando luz aos passos do seu caminhar quando descreve o que sente na dimensão temporal do que tem vivido. É, portanto, um iluminado. Vê além do que vemos. Um escritor de sensibilidade aguçada. Sem a preocupação em ser poeta ou filósofo, consegue colocar sentido poético e conceitos filosóficos nos seus escritos, ao contar as histórias do mundo que enxerga e vivencia.

Jamais possuiu intenções de magnificência. Seus relatos, na maioria das vezes, são testemunhais, o que bem demonstra o sentimento de humildade que marca trajetória de sua vida. São narrativas acopladas ao tempo, sem operar grandezas, mas reveladoras da realidade, e jamais perder a acepção profunda da sociedade. Absorvendo inteligentemente os acontecimentos, transforma-os em descrição de fácil compreensão em quaisquer que sejam os aspectos sociais, culturais e políticos dos contextos dissertados.

Manifesta sua liberdade no domínio e controle do que escreve. Nos seus textos não são encontradas redundâncias, prolixidades, nem verborragias. Nas suas tessituras narrativas ele dialoga com o leitor através das palavras. A experiência histórica e ideológica que adquiriu nos seus anos de artífice da escrita tem nos proporcionando conhecer o seu múltiplo conhecimento, legado que não só os contemporâneos, mas também as gerações que se seguirem, possam ter acesso à veia literária desse que, para orgulho nosso, é o grande mestre da crônica paraibana. Seus artigos merecem ser colecionados, como quem armazena preciosidades, verdadeiras relíquias. Ainda temos muito a aprender com ele.

Rui Leitão