Imagem meramente ilustrativa

Para Carlos Aranha, a pessoa que me deu a primeira oportunidade de produção, quando coordenei uma noite de música paraibana no Festival de Areia, Paraíba.

Em 1985, eu estava saindo do meu estágio inicial de trabalho na multinacional EMI Odeon, onde ficamos durante cinco anos, para assumir a representação regional da Sony Music, e lembro bem, naquela época, fomos ao Rio de Janeiro para assistir e participar do primeiro Rock In Rio. Foi sem dúvida uma experiência única. Não era apenas a ideia de shows de música, mas sim um parque, um espaço de entretenimento.

Eu tinha 26 anos, e nunca antes havia participado de um Festival internacional e de tamanho impacto. Também jamais imaginaria a experiência de tantas produções a que viria participar e também a formação em gestão de marketing. Voltei dali muito emocionado, empolgado e feliz.

O Rock in Rio, o Abril Pro Rock, eventos que assisti e tantos que trabalhei durante minhas experiências pela vida, como O Maior São João do Mundo de Campina Grande, e O Melhor São João do Mundo, de Caruaru, o Recifolia, um carnaval fora de época, o Galo da Madrugada, Feiras internacionais que participei como a Rio Oil and Gas, Feiras de Negócios da Reed Exibithions Alcântara Machado, e muito outros eventos, me deram a visão necessária para distinguir entre as gestões de simples e grandes eventos e suas estruturas e demandas.

Essa prática vivida na carne criou espaço na mente, para observar cenários e perceber, por exemplo, que João Pessoa precisa buscar soluções para atender seus diversos públicos, que muita vez faz opção por viajar para Recife, Campina Grande, Natal, Fortaleza, Salvador, Rio, São Paulo, em busca de diversão e entretenimento, e negócios de maior porte e dinâmica. É como se estivéssemos um pouco aquém, ou atrasados, com relação a estas praças e com o próprio dever de casa a fazer.

Temos observado que a Paraíba é um estado que cresce em diversos setores com tamanha velocidade. O setor imobiliário, a educação, entretenimento, cultura, e principalmente o turismo, saúde privada, gastronomia, esportes, comércio, shoppings, são apenas alguns que desenvolvem e precisam capacitação urgente. As cidades do interior estão em corrida competitiva com seus diversos eventos ampliando o calendário anual e suas receitas.

Conversando com o Governador João Azevedo, em rápida tirada ele nos falou sobre como obter resultado de gestão. – É simples, disse: Elaboramos uma lista possível do que se pode realizar dentro do um prazo de um ano, e ao chegar ao final, vamos ver o que foi realizado e o que ainda precisa fazer. E avaliar o resultado do que foi feito.

Pois bem, como bom planejador que é o Governador, ele deixou ali na breve conversa uma lição básica do que todo empresário ou gestor deveria fazer. Uma lista do que se pretende realizar e até onde se pretende chegar. A partir de então, buscar analisar e saber os pontos fortes e fracos, encomendar pesquisas de mercado, pesquisa de satisfação do consumidor, elaborar planos de marketing, metas, objetivos, estratégias, buscar fontes de investimento, atrair parceiros, desenvolver o que chamamos Gestão de Qualidade. Falta isso. Uma maior interação dos staffs, dos stakeholders, das partes comerciais interessadas nos negócios, motivação e investimento artístico, avanços técnicos, tecnologia, comunicação, público potencial, manutenção, sustentabilidade e inovação.

Nossas gestões de eventos precisam urgentemente fazer um levantamento histórico para entender nossos potenciais, nossa capacidade de público e renda, criar postos de trabalho, ampliar a programação dos diversos setores desde o entretenimento aos congressos, feiras, associações, universidades, etc.

Precisamos observar nosso patrimônio histórico, o turismo religioso, o turismo de negócios, e diversos eventos ligados à cadeia produtiva. Precisamos aquecer o mercado e buscar oferecer qualidade aos serviços. Precisamos nos programar para movimentar o pós-pandemia, entender e agilizar formas de dinamizar o Novo Normal. Já é hora. Sem isso estaremos marcando passo num mesmo lugar comum, e perdendo capital, enquanto nossos concorrentes potenciais avançam e desenvolvem bem ali ao lado.

Gil Sabino

Jornalista e assessor de imprensa.