Fiquem atentos; alguns supostos intelectuais brasileiros, que dão plantão em emissoras de TV, sites, jornais, revistas, conferências resolveram inverter um fundamento que orientou a esquerda brasileira nos últimos anos. Considerava-se, então, que a democracia era um valor universal e um instrumento, para eles ao menos, para chegar ao socialismo.
Esses novos radicais e o movimento vem de fora; não nasceu aqui entendem o exato contrário: é preciso golpear o regime democrático para, então, se der e quando der, golpear o capitalismo. Esse é agora o novo inimigo. Em muitos aspectos, retornam a cartilha leninista, ainda que não vislumbrem, necessariamente, uma insurreição armada, mas também não a descartam.
Fiquem em estado de alerta. Lideranças políticas e intelectuais que sustentam com veemência “a crise de representatividade” quase sempre estão a advogar uma outra legitimidade que não a eleitoral. Avança com força o debate de que a verdadeira representação já não se estabelece mais por meio de partidos e do Parlamento.
Que os Poderes precisem ser reformados, isso me parece evidente. Que a população tenha o direito de cobrar mudanças, eis uma coisa igualmente óbvio. Mas vamos com calma!
Devemos ter cuidado com os oportunistas.Há muita gente que não presta no Congresso brasileiro. Mas é bom não confundir personalidades e personagens com a instituição há um pressão imensa, hoje em dia, para que grupos organizados, comunidades de opinião e lobbies os mais variados, disfarçados de causas humanitária, substituam o Parlamento e imponham a sua vontade em razão de sua, sei lá, como chamar, suposta superioridade moral.
Fiquem atentos, pois, há inimigos da democracia dentro e fora do governo. Tempos como os que vivemos são propícios à emergências de feiticeiros institucionais. Lutaremos em defesa do regime democrático até a última palavra. Tenho dito!