Pular para o conteúdo

Blog do Vavá da Luz

EXEMPLO DOS GREGOS (MARCOS SOUTO MAIOR (*)

 

           MARCOS      No século VII a.C., a civilização grega surgiu entre os mares Egeu, Jônico e Mediterrâneo, formada pela migração de tribos de origem indo-europeia, que detinha duas grandes cidades-estados, as famosas Esparta e Atenas, que, em 359 a.C., sucumbiram ao domínio dos macedônios. Do crescimento populacional decorreram conflitos internos na região da Ásia Menor, quando aquelas duas potências se envolveram na famosa Guerra do Peloponeso, vencida, triunfalmente, por Esparta. Guerreiros determinados e conquistadores, os gregos sustentavam o cultivo de oliveiras, trigo e vinhedos, com destaque para os vinhos, azeites e perfumes aos quatros cantos da península. Cunhavam moedas de metal para as atividades administrativas e tinham suas próprias forma político-administrativa, organização social e até deuses protetores. Aliás, as mitologia e filosofia gregas, ainda hoje são referências aos estudiosos daquele Período Clássico, destacando-se os eternos mestres Sócrates e Platão. Também na arquitetura ergueram monumentais templos e acrópoles de mármore no topo de montanhas e têm como marco positivo o título de “berço da democracia”, abrindo espaços públicos para inflamados debates.

                Atualmente, a histórica da Grécia abriu um novo livro para registrar os desmandos e escândalos de seus dirigentes intransigentes, noticiados há anos, que desaguaram na decisão de deixar de pagar ao Banco Central Europeu e ao Japão, dentre outros, considerável valor, resultando no moderno episódio denominado ‘calote grego’, e confirmado com a recusa de pagamento, perante o FMI, de 2 bilhões de Euros, neste 10 de julho, cifra que precisará ser refinanciada. Sem a moeda circulando, a população desvalida não dispõe do próprio dinheiro para satisfazer as necessidades domésticas mais básicas!  A quebradeira com a necessidade de realização de empréstimos internacionais e atualização monetária dos valores devidos saiu do controle interno e vem ocasionando o drama que conduziu o Presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, a posicionar-se, interventivamente, externando a necessidade de “prestar socorro humanitário a crianças ou doentes, que é questão de solidariedade dentro da União Européia.”

                A paciência tem limites para todo e qualquer país, e a pressão dos credores enganados, forçaram o primeiro-ministro Alexis Tsipras a pedir a imediata demissão do Ministro das Finanças gregas, tão logo o plebiscito popular, com 100% de apuração do pleito, apontar que 61,31% da população grega NÃO concorda com os termos ofertados para a renegociação da dívida internacional.  Ainda nesta semana, reuniões e mais reuniões estão ocorrendo para evitar um mal maior a um povo trabalhador e de muitas glórias até então, e a torcida dos brasileiros é que a Grécia vença esse desafio econômico, sem prejuízos a seu povo e à comunidade global.

                Falando em percentagens, a decisão de pouco mais de 61% dos cidadãos gregos, conduziu ao afastamento do Ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, sob o pretexto de facilitação às negociações com o Eurogrupo, e nova proposta que deverá ser divulgada já no dia 07 de julho, um dia após à comentada demissão. Em terras tupiniquins, se assiste à rejeição de Dilma Rousseff por 68% dos brasileiros, levando-se em conta os seguidos escândalos públicos.

                Plutarco já dizia “Nada é tão flexível como a língua da mulher, nada é tão pérfido como os seus remorsos, nada é mais terrível do que a sua maldade, nada é mais sensível do que as suas lágrimas”.

(*) Advogado e desembargador aposentado