Entre ouvir e escutar, o que eu faço mais hoje?
Há muito me encontrei por muitas vezes ouvindo mais que escutando, quando vou analisar por períodos e etapas vividas nem sei se escutei. Era a briga entre o eu e o tempo, o não tenho tempo, o ouvido aberto para tudo e a escuta cada vez mais surda.
Chega o momento em que ouvir os sons e não saber se definir agudos e graves, tudo é barulho, tudo é ruim ao ouvido e adoece quem escuta e a fala pronunciada chega a tagarelar para não se deixar escutar.
Quantos momentos não deixei nem permiti ser interrompido na excentricidade e arrogância de não querer escutar na essência o que me acrescentava, era o medo maior de me escutar no papo reto maior que era com o meu próprio eu.
Parando para essa escuta do meu eu, comecei escutando os meus olhos, sim, escutando o que me diziam no maior silêncio que pude proporcionar aquele encontro, era um misto de prazer, vergonha, alegria e tristeza vindos do meu próprio olhar.
Depois escutei meu caminhar, a candência dos passos, quanta rapidez em desacordo com a, cadências dos compassos dos dias e das horas, pura maratona onde a largada era sem tiro e a pista circular não tinha linha final.
Escutar a minha voz, minha palavra, a pronúncia do verbo, chegou a ser difícil e por muitas vezes falso, então decidi escrever e depois ler, dessa vez sim, em voz alta, abrindo olhos, e parando os passos para sentir a verdade e sua plenitude
Foi nesse momento que escutar passou ser bem mais saudável e fundamental para a construção do eu e dos dias, foi assim que escutei o que mais me permitia crescer e que eu pudesse fazer com que o outro cresça.
Cada dia me permito mais a escuta minha e do outro, cada dia aprendo muito mais, cada dia na calada da escuta transcrevo sonhos e traços caminhos, onde o resultado tem eficiência.
Hoje defino plenamente a diferença entre escutar e o ouvir, me permita escutar cada vez com mais fervor, pois ouvindo agora o vento na janela e ele me traz nostalgia e escutando ele me diz calma é hora de agir.