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Blog do Vavá da Luz

E PAPAI NOEL? (MARCOS SOUTO MAIOR (*)

 

 

MARCOS Neste momento de final de ano, resolvi passar pelas grandes lojas, abertas e iluminadas nos três expedientes, que sempre foram um sinal atento a todos os que procuram o melhor presente e o menor preço! Sinceramente, nunca gostei das festas natalinas, onde minha mãe se esmerava durante os doze meses do ano, na condição de professora, para amealhar algumas sobras para presentear todos os familiares. De loja em loja, ia olhando as prateleiras cheias de promoções, ao mesmo tempo imaginando o desejo de cada um… E eu assistia, diuturnamente, às idas e vindas de dona Adélia que, entre as aulas aplicadas de História, Caligrafia e Desenho, saia ligeira com anotações dos nomes da família que ela carinhosamente escolhia, ligando-os à simplicidade dos presente que o seu salário pequeno e suado permitia homenagear. Talvez por isso, guardo no meu coração, um não gostar de não gostar da festa do Natal, apesar de reconhecê-lo como uma festa católica e linda, porque recordo que as famílias de outrora sofriam para conseguir comemorá-lo, minimamente, conforme desejavam.

Passados os tempos, meus dois filhos e minhas duas filhas, já grandes e trabalhadores, com vidas equilibradas e patrimônio pessoal próprio, cada qual vivendo em suas próprias casas, retrocedo no tempo, a fim de demonstrar que, desde rapaz, fui baterista de bandas e orquestras, para ganhar o primeiro dinheiro vindo de um trabalho suado, olhando as lindas meninas dos bailes piscando os lindos olhos para mim, aos quais respondia alegre, contudo, sem poder sair uns poucos minutos para dançar. Eis que, enquanto os dois pistons, os três sax, os dois trombones e dois cantores se revezavam, nem lanche poderia comer e, mesmo quando o colega percussionista pedia para ir ao banheiro, reclamavam e ele tinha que voltar. Daí, sem deixar a bateria vermelha, continuo, ainda hoje, com a minha turma dos anos setenta, num encontro de saudades, comemorando a delícia de música ao vivo!

Segui trabalhando, sempre, até em jornais, rádios AM e revistas da minha cidade João Pessoa e, sem modéstia, o meu currículo foi o suficiente para ingressar na Faculdade de Direito da UFPB, de onde saí para ser advogado na Paraíba e, posteriormente, Desembargador e Presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba, dentre outras funções. Recebi mais do que merecia e sigo trabalhando, talvez até com a ajuda do velhinho de barbas brancas, e imaginando que outros precisam muito mais do que eu. Peço vênias aos queridos leitores para dizer que quando me olho no espelho da vida, vejo que tenho, sim, uns traços do Papai Noel, desde os cabelos alvos, o jeito brincalhão e passeador pelas calçadas das praias e das poucas praças públicas e, com o bom tempo que Deus me concedeu, sempre suficiente para os meus queridos dois netinhos, Marcos Neto e Isaac e as cinco netinhas Maria, complementadas por Luíza, Clara, Vitória, Rita e Valentina, sempre fundamentais, onde brincam à vontade, e para a minha família, que se perpetua.

Estamos sempre juntos com Papai Noel, independentemente de súplica ao presente material, uma vez que estes, postos sob o pinheiro, não têm a mesma relevância que uma das árvores que se mantém verde enquanto, durante o intenso inverno, a maioria perde as suas folhas. Natal é, pois, vida eterna, e o símbolo do amor em torno do espírito da grande e renovada amizade!

 

(*) Advogado e desembargador aposentado