De um domingo de Carnaval pós-pandemia: “Eu quero é botar meu bloco na rua!”
Quantas evocações foram compostas por Nelson Ferreira após o sucesso de Evocação Nº 1, lançada e se firmando como sucesso no Carnaval de 1957, para hoje ser cantada nas festas de Momo de todo o Brasil? Nos tempos pós-modernos, ainda nas terras baianas, comemoram-se neste mesmo tempo os 100 anos de Osmar Macedo, ao lado de Dodô, e também de músicos e compositores, que lançaram o Pau Elétrico, tocado em cima de um veículo, dando início ao Trio Elétrico, o invento inovador e em constante transformação, que revoluciona a cultura popular, unindo o povo ao grande espetáculo.
Se trouxer para os dias de hoje esses brilhantes momentos dos Carnavais da saudade, neste Domingo de Momo, que me faz dentro da minha “Maluquice Beleza”, como disse o poeta, eu gostaria de aplicar os 4Ps da Inovação, tão discutidos nos tempos atuais, que se modela em “Propósitos, Processos, Pessoas e Políticas”, em constante diálogo com o discutido conceito da tríplice hélice da inovação.
O propósito do centenário dos meninos da Bahia e a ousadia do pernambucano se misturam à mais nobre das virtudes da humanidade, que seria contar e cantar a verdade e o que os olhos e o sentimento faziam crer como certeza, o processo era o mais que natural. Traduzir para as pessoas a poesia limpa e contar os dias onde essas mesmas pessoas seriam responsáveis pela aprovação ou não, já falando de pessoas, era o papo mais que reto, traduzido hoje nas literaturas 4.0, e as políticas eram estabelecidas pela cultura que atravessou um centenário, em cenários que foram revolucionários para a construção, mesmo em constante estado liquido dos dias atuais.
Só era a convocação para o movimento continuar cantando nos modelos da saudade. Em Evocação Nº 1 e na Guitarra Elétrica, surgia o movimento musical para inovar nos instrumentos elétricos, chegando ao popular, encontrando-se com o erudito, e os tambores que desciam as ladeiras construindo o Carnaval inovador para todos.
Também nestes tempos carnavalescos nos deparamos com temas como Criptomoedas, Bitcoin, Block Chain, coisas da pós-modernidade que saltam aos olhos de muitos, que se sentem atraídos por anúncios como “Quem chega antes tem mais segurança, liberdade e transparência” … E quem chegar depois? – só isso que eu tinha a perguntar a mim diante desse anúncio.
O ganha-ganha, a facilidade das coisas, a travessia da vida encurtada em passos incertos, a falta de ouvir na essência as pessoas, a não sabedoria da visão sistêmica de processos, o não entender conceitos na definição de propósitos, o querer ser maior sem entender o próprio eu, a arrogância revestida de ganância, jamais faria com que eu cantasse a Marcha Regresso e quisesse, novamente, “botar meu bloco na rua”: o que me move é a fé e os erros ressignificados.
De um domingo de Carnaval
Dunga Jr 19/02/2023