NO COMECINHO DO MÊS, tive a oportunidade de revisitar o município de Serra Redonda, interior da Parahyba e próximo a Campina Grande. O destino nos aguardava para um grande encontro, se tratava da II Reunião do Conselho Cristino Pimentel do Borborema Cangaço, dirigido pelo confrade e amigo o Professor Julierme do Nascimento, grande pesquisador do tema e, principalmente, do cangaceiro Antônio Silvino. Vale lembrar que em breve teremos um livro do confrade sobre a vida e obra deste que para ele é o maior cangaceiro do nordeste em termos de atividade, são mais de duzentas ações por essas terras. É bem verdade que, pelo menos por todo o interior da Parahyba, um sem número de histórias é narrada sobre a movimentação deste cangaceiro que perambulou por todo o nordeste fazendo amizades, angariando coiteiros e, também, inúmeras inimizades.
Nas ladeiras, no sobe e desce do viver em Serra Redonda, observamos a vida daquele município. O início do evento foi na Casa Luiz Biu Pinheiro, a câmara de vereadores que recebeu embaixadores da cultura e da literatura regional, vieram Fabiana Agra e Kyldemir Dantas de Picuí, Bismarck Martins de Pocinhos, José Tavares de Pombal, Alessandro Acioly de Afogados da Ingazeira-PE, João Piancó e Sandra de Itapetim-PE, Vandilo Brito e Chicão de São João do Cariri, Célia Cangaceira e Luma Holanda da capital João Pessoa, o cangaceiro Manoel e o Preto Velho de ‘Onde nascem os fortes’ da Rede Globo vindos da Ribeira junto com o poeta Paulinho de Cabaceiras, Roniere Leite de Boa Vista e de Campina fomos Pedrinho (e Paulinho casca de bala), Julierme e Marileide, Sulamita, Rafael Borges (bisneto de Antônio Silvino) só para começar. Em Serra Redonda, encontramos o Prefeito Chicão Bernardo e a primeira dama Nathalie Ventura, Prof. Dário Machado e Sayonara, José Washington, Jhonny, André Nunes com suas pinturas e uma população alegre e simpática que se deleitava pelas ruas, afinal era sábado, dia de feira, dia de encontros, dia de pegar em dinheiro, dia de ver parentes e amigos de sítios vizinhos e mais distantes, é fim de semana, é só alegria. O mercado público estava muito movimentado, carne verde vinda de vários lugares cortadas em mantas e dependuradas em ganchos, exibidas como verdadeiros tesouros.
Imagens diversas do evento
Defronte a câmara, a filarmônica Abdon Tavares a tocar, jovens animados sob a batuta do maestro Gedeão Faustino Nunes Filho, nos brindava com o cancioneiro nordestino. No evento, após algumas palestras, falas importantíssimas para a nossa cultura, degustamos um saboroso almoço servido na Escola Municipal Mimosa Dias. Para chegar à escola, partimos da câmara municipal até o fim da rua. Observamos o curioso monumento ao centenário da independência em cintilantes verde e amarelo e descemos a ladeira Felismina Cavalcante de Oliveira, antiga professora da cidade que, em espírito, nos ensinou ali a se equilibrar e tomar os espaços íngremes daquela rua em que é patrona. O declive é tão acentuado que nenhum veículo ousa em desafiar a subida. Posso arriscar que temos ali uns 120° e nas fraudas da ladeira, ao olhar para trás, chegamos a não acreditar o quanto que descemos abruptamente. Moradores do lugar dividiam sorrisos com a fala de que estavam acostumados no subir e descer do cotidiano. A cidade vive a bailar em suas ladeiras, compondo uma de suas características principais. Uma beleza bem peculiar.
No domingo, fizemos algumas visitas técnicas em locais notadamente históricos para a temática do cangaço. Ao se embrenhar naquela zona rural, fomos abraçados por um brejo de altitude de notável beleza. As ladeiras existentes na cidade continuam desenhando os majestosos contornos do município. Nos sítios, os fundinhos dos vales são servidos de pequenos açudes ofertados por boqueirões. Uma boa parte da mata é densa, tornando o ambiente difícil de locomoção, não hoje em que a zona rural é toda interligada em estrada carroçável e bem cuidada pela Prefeitura, mas me refiro ao passado, nas primeiras décadas do século XX, tempos em que Antônio Silvino perambulava e até antes, nas proximidades da Serra da Mangueira onde negros escravizados formaram seu reinado no sítio Matias, hoje remanescentes quilombolas reconhecidos e certificados pela Fundação Palmares.
Imagens do Casarão do Sítio Bela Vista
Estivemos no sítio Bela Vista, no casarão do sr. Manoel Gonçalves da Rocha, frequentado por seu compadre o ‘rifle de ouro’ Antônio Silvino, visitamos também a casa no sítio Gameleira onde houve a chacina das filhas de Antônio Velho por cangaceiros do bando de Zé Luiz e por fim o cemitério municipal onde foram sepultadas as irmãs Cindá, Dida e Nita em 1942.
Local da chacina das filhas de Antônio Velho no Sítio Gameleira – Vandilo Brito e José Tavares
Serra Redonda é detentora de uma interessante história que está por todos os lados, uma bela cidade bem cuidada e de uma hospitalidade ímpar. Agora é com você, é conhecer e se apaixonar!
Leia, curta, comente e compartilhe com quem você mais gosta!!!