Tem gente que nasceu para brilhar. O cajazeirense Cristóvam Tadeu fazia a diferença. Não só nos palcos onde demonstrava todo seu talento como humorista criativo e irreverente, mas também como quadrinista e produtor cultural. Era uma pessoa que onde chegava distribuía alegria. Sua vida artística foi marcada pelo sucesso.
Nasceu em 1962 e, ainda criança, aos 12 anos de idade, já revelava sua capacidade na arte dos desenhos construindo histórias em quadrinhos em publicação no jornal O NORTE. Nesse gênero ele se destacou como ilustrador e chargista, ao desenvolver o projeto “Charges PB na TV” que retratava o cenário político, artístico e mesmo o cotidiano dos paraibanos na TV Cabo Branco. Nos jornais impressos da Paraíba suas charges e tirinhas tornaram-se bastante conhecidas, como “Bartolo”, “Lampirão”, “Baratos Afins”, “Ostradamus” e “Herr Froide”. Participou como jurista no 20º Festival Internacional de Cinema de Animação e de Quadrinhos, na Itália.
Sua estréia no teatro aconteceu no final da década de 1970, quando atuou com Ednaldo do Egypto na peça “O Dia em que deu Elefante”. Escreveu “Branca de Calvão e as Sete Novinhas”, com montagem da Cia. Paraibana de Comédia. Seus maiores sucessos foram com os espetáculos “Vovô Viu a Uva” e “Vovô Viu a Arte”. Na dramaturgia infantil fez papéis em “Ali Ladrão e os 40 babás”, “O Consertador de Brinquedos”, “Vamos Brincar de Circo” e “Rock Monstro”. Teve presença no rádio, televisão e cinema, como protagonista de muitos comerciais em toda a região do Nordeste. No cinema sua última participação foi no longa ‘Beiço de estrada’, de Eliezer Rolim.
Era um exímio imitador de personalidades da política e da cultura paraibana e nacional. Três delas eram as mais impressionantes pela semelhança como as figuras caracterizadas nas falas e nos gestos: Ariano Suassuna, Caetano Veloso e Dom Marcelo Carvalheira. Como artista do humor fez suas primeiras apresentações aos 23 anos de idade, no Bar Travessia, point cultural da capital paraibana, na década de 1970. A partir de então produziu e escreveu 15 shows solo, incluindo o primeiro sitcom da Paraíba, o “Sábado de Graça”. Em 1989, esteve no Só Riso, da TV Bandeirantes, ao lado de nomes como Costinha, José Vasconcelos e Jorge Loredo. Depois, foi participante do Show do Tom, de Tom Cavalcante, na Record. Foi Diretor de Programação da Rádio Tabajara, por seis anos, onde, ocupou seus microfones apresentando um programa de entrevistas que ia ao ar, semanalmente, nas noites das terças-feiras.
Numa manhã de sábado do mês de abril de 2017 foi encontrado morto por sua filha, no apartamento em que morava. Suspeita-se que tenha sofrido uma parada cardíaca enquanto dormia. Foi homenageado com a colocação de seu nome em um anfiteatro com capacidade para 200 pessoas, no Parque Parahyba 2, no bairro do Bessa. A Câmara Municipal de João Pessoa aprovou proposta do vereador Damásio Neto, denominando de Cristóvam Tadeu, uma rua no bairro do Cristo Redentor. Piancó, seu parceiro de palcos, nos espetáculos de humor, ao tomar conhecimento de sua morte, assim se referiu: “O mago vai fazer muita falta. Nossa cena cultural perde uma espécie de Dom Quixote. Foi um dos maiores defensores da nossa arte”. Resumiu bem sobre o que toda a Paraíba reconhece como tendo sido um dos mais completos artistas de nossa terra.