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Blog do Vavá da Luz

CELULAR (Marcos Pires)

 

Claro que os meus tecnológicos leitores não tem a mesma dificuldade que eu para lidar com esse monstro maravilhoso que é o celular. Ocorre que sempre me recusei a ler manuais. Isso vem do medo que me invadiu num distante dia em que cismei de ler a bula de um remédio que já usava há muito tempo. Pelo que estava escrito naquelas letrinhas bem miudinhas eu havia escapado de infartos, AVC, cegueira, paralisia dos rins, chulé e sovaqueira. Portanto, sempre me recusei a ler os tais manuais com medo de ter comprado um celular e de repente estar lidando com uma geladeira ou liquidificador.
Mas para isso é que existem os benditos netos. O meu mais velho é consultor para os assuntos de comunicação. E sempre que eu o procuro com uma questão profunda, uma dúvida dessas que poderiam mudar o curso de uma guerra, ele dá uma risadinha cínica, aperta duas teclas e …pronto, mais uma vez a pólvora foi inventada. Aliás, se algum de vocês, capacitados leitores, tiver conhecimento com esse pessoal da Apple ou Samsung, sugira a eles que no lançamento do próximo modelo de celular, incluam no pacote, além dos cabos e carregadores, um neto acoplado.
Mas isso de celular é coisa do tinhoso. Amigo meu colocou no vidro traseiro do carro um anuncio de venda da sua casa com o número do celular para contato. Estava indo a Recife e no meio da estrada atendeu uma ligação: “- Por favor estacione agora. Aqui é a viatura da PRF que está logo atrás do senhor e acabamos de flagra-lo atendendo o celular enquanto dirige”.
Pior ainda é aquele infame e criminoso corretor de texto. Vejam só os diálogos que flagrei:
1. “-Vem aqui pra casa amanhã? -Não posso, vou estar no cio. – KKK melhor ainda. – No RIOOO, no Rio de Janeiro”.
2. “- Amor, fiquei te esperando e você nada. Estava vendo TV? – Ah, você sabe que eu adoro ver puta. – O QUÊ, SAFADO? – Luta, eu estava vendo luta, foi esse corretor”.
3. “- Você sabe qual vai ser o show hoje no teatro? – Dei lá. –Você o que? Deu no teatro? – Não, eu disse sei lá, não sei qual vai ser o show”.
4. “- Luiz, quanta saudade. Cadê você? – É que agora estou estuprando. – TÁ O QUE??? – Estudando, estudando…foi esse corretor do inverno…INFERNO”.
5. “- Sabe se tem trabalho para amanhã? – Tem sim. – Quer ficar comigo? – Ah, meu Deus. Passei a vida toda esperando por isso. Quero sim, para sempre – Desculpa, não era ficar, era fazer; fazer o trabalho da faculdade comigo”.