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Blog do Vavá da Luz

Catando histórias (Marcos Pires)

Catando histórias

Atendendo generoso convite da O.A.B. fui a Guarabira contar essas bobagens que graças a Deus encantam os puros de coração. Fiquei maravilhado com a recepção e o interesse dos amigos Advogados, mas para além de tudo isso me abasteci de histórias incríveis.

Por exemplo, a história de seu Raul, que bem jovem já viajava para comprar mercadorias e revender na cidade. Naquela época o transporte se fazia por trem e seu Raul não iria gastar dinheiro comprando passagem, obviamente. Ocorre que o cobrador descobriu a patranha e deu uma pescoçada em seu Raul, que caiu do trem catando coquinho. Obstinado, pôs-se de pé e correu pelos trilhos até conseguir novamente subir no vagão. Quinze minutos depois a cena repetiu-se; novo pescoção, nova queda e nova corrida para alcançar o vagão. Na terceira vez que o cobrador identificou seu Raul, resolveu encerrar aquela história: “-Ô rapaz, onde é que você pensa que vai?”. Seu Raul, todo arranhado e dolorido, respondeu: “- Se o meu pé do ouvido aguentar mais uns cinco tabefes e se Deus quiser eu chego no Recife”. Sua persistência foi recompensada com a propriedade de 5 supermercados tempos depois.

Outra história real e incrível foi a atuação do advogado P. em um crime que abalara a região. A sala do júri estava repleta ante a comoção popular. Pois bem, o nobre causídico começou a sustentação oral dizendo que o réu não deveria ser inocentado apenas porque não tinha culpa, nem porque as provas dos autos em nada ajudavam uma eventual condenação. Menos ainda porque se tratava de pai de família exemplar e profissional responsável. O que realmente importava para que o júri decidisse pela inocência do réu era o fato de que a causa era tão fácil de ser ganha que se seu constituinte fosse condenado, ele, o defensor, não poderia mais frequentar os bares e restaurantes da cidade sob pena dos bêbados o chamarem de Advogado tabaco. O tempo fechou, mas enfim o réu foi absolvido e ele pôde retornar tranquilo ao convívio dos bêbados da cidade.

Estou bem abastecido de outras histórias maravilhosas daquelas pessoas incríveis, mas não poderia encerrar sem registrar que me hospedei em um hotel cujo nome, me disseram, é a homenagem do proprietário à esposa, o que achei muito bacana. Só que no hall de entrada do hotel tem um cavalo enorme, empalhado. Por precaução, não perguntei o que significava aquela homenagem.

Vai que algum politico… .