Maria José Teixeira Lopes Gomes é membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP). Pesquisa e escreve muito bem. Já mergulhou na memória institucional da Procuradoria Geral do Estado e da Faculdade de Direito. Para chegar a esses dois destinos, foi às origens: desde o início da atividade do advogado à criação dos primeiros tribunais. Incursionou pela valorização dada aos bacharéis no Brasil Colonial e na cultura luso brasileira. Agora, escolheu um professor de bacharéis para objeto de sua escrita. E que professor! Miguel Reale que o diga, pois desejava vê-lo em uma cadeira do Supremo Tribunal Federal e, pa ra isso, já contava com o entusiasmo do presidente José Sarney. Faltava combinar com o indicado, neófito na primeira missão política que lhe deram, mas firme nas posições políticas que exigiam a sua continuidade no serviço do povo paraibano. Perdemos um Ministro, ganhamos um Político com P maiúsculo.
O objetivo da obra, segundo a própria autora, é “guardar a memória do professor e do político para que sua vida não seja relegada ao esquecimento”. Para tanto, fez, apenas, uma notícia biográfica, curta, mas suficiente para dar o selo da perpetuidade a alguns aspectos da vida do ilustre homem público que foi Tarcísio de Miranda Burity.
Começa por traçar a formação da sua personalidade forjada entre as quatro paredes de um Seminário onde resolveu matricular-se a partir dos onze anos de idade. Órfão de mãe tinha na irmã mais velha sua referencia materna. O Seminário lhe despertou a aprendizagem de vários idiomas, o que o levou a especializar-se na França e na Suíça. Foi promotor de Justiça e prestou serviço à Justiça Eleitoral e à Universidade. Quando realizava um bom trabalho como Secretário de Educação do Estado da Paraíba, foi recrutado pelo regime militar para conciliar os blocos políticos divididos entre suas preferências: o senador Milton Cabral e o deputado Antonio Mariz. Sua escolha para Governador foi arbitrada pelo chamado “comando revolucionário”. Todavia, sua candidatura foi homologada por uma Convenção Partidária, onde venceu o seu contendor, deputado Antonio Mariz, que resolvera desafiar a ordem do poder central.
Os meandros da escolha de Tarcisio Burity para Governador da Paraiba estão contados em detalhes. Alguns deles desconhecidos do público, resultado da pesquisa oral que a autora realizou junto a testemunhas dos acontecimentos. Prova disso é a afirmativa atribuída ao então deputado Waldir dos Santos Lima, presidente estadual da Arena, partido oficial, de que Burity era “um excelente nome, contudo não tem experiência política nem administrativa”. A partir dessa conclusão, a autora procura mostrar a atividade da gestão do ungido governador, cujo acervo, põe por terra a crítica que se mostraria precipitada, até porque, o deputado torcia por um candidato e terminou por apoiar outro e sendo seu candidato a vi ce-governador na Convenção do partido.
A narrativa incursiona ainda sobre o triste episódio do Gulliver e conclui com um anexo em que várias personalidades paraibanas analisam a pessoa, o governo ou simples atos da gestão estadual sob a chefia de Burity. Nesse grupo vamos encontrar Ruy Dantas e Gutemberg Cardoso, Mucio Wanderley, Gonzaga Rodrigues, Fatima Araujo, Francisco Pereira da Nobrega, José Mario da Silva, Antonio Carlos Burity, Cleanto Gomes Perreira e Ida Steinmuller.
Ao ler Maria José Teixeira, o leitor chegará à conclusão que Tarcísio Butiry foi o neófito mais veterano que já surgiu na política da Parahyba.
( PARA O.LIVRO DE MA.JOSE TEIXEIRA)