Basta
Marcos Pires
Basta de vermos animais arrastando carroças em meio a centenas de veículos pelas ruas de João Pessoa. Basta de observarmos o sofrimento de jumentos expostos ao sol do meio dia, tendo que puxar centenas de quilos sob chibatadas em seu lombo. Basta de corrermos o risco diário de uma tragédia anunciada com uma eventual disparada do animal, enlouquecido de tanto ser acicatado e partindo para cima dos automóveis, provocando um acidente fatal. Não creio que passem de uma centena os proprietários de carroças aqui na capital. Tenho certeza que a competência do poder público municipal irá encontrar em seus quadros condições de abrigar os carroceiros, mesmo que provisoriamente, porque cem pessoas não concursados a mais num quadro de algumas centenas de requisitados e comissionados não fará grande diferença. Enquanto recebem uma renda provisória que substitua a que derivava da antiga profissão estarão se requalificando para o mercado de trabalho. Alternativamente o poder municipal poderia procurar empresas privadas que admitissem esse pessoal em troca de algum incentivo tributário. As empresas de ônibus recebem subsídios no preço das passagens e nem por isso o mundo acabou.
Basta também de assistirmos passivamente o crescente e violento comercio das drogas ilícitas e a geração de uma turba de zumbis que está aumentado a cada dia. Basta da exposição da vida dos cidadãos comuns que são vítimas potenciais das disputas violentas entre essas gangues com a utilização de armas de fogo. Balas perdidas sempre acham o caminho do corpo de inocentes. Semana passada, pouco antes de passarmos por um bar que funciona diuturnamente na orla de João Pessoa fazendo nossa caminhada pela madrugada, dois homens haviam sido mortos ali. Foram muitos tiros e inocentes poderiam ter sido feridos. Na nota oficial os proprietários chegam a dizer que “…um lugar que tem uma rotatividade tão alta, atrai usuários e, consequentemente traficantes de drogas (isso tem em toda a orla da capital”. São eles que dizem isso. Ora, se não há como proibir a entrada da violência nesses ambientes, que se fechem esses ambientes numa hora menos imprópria. Nada de bom pode sair de um bar às 4 da manhã. Na Inglaterra os Pubs só funcionam até as onze da noite.
Basta de assistirmos as autoridades desmantelarem semanalmente os ajuntamentos dos zumbis das drogas e vê-los voltando no dia seguinte ao mesmo local e ao mesmo tráfico. Vejo isso todo dia.
Atenção, estou me referindo a João Pessoa, não à Cracolândia paulista.
Que não se use a violência; antes use-se a inteligência, aprendendo com quem já faz.
Morituri te salutant!